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O hidrogénio em Portugal - um emergente vetor energético

Carlos Andrade, Chief Economist

 

O Hidrogénio Verde

São várias as aplicações possíveis para o hidrogénio.
 
O hidrogénio verde (aquele que é produzido através da eletrólise1 da água com a utilização exclusiva de fontes de energia renováveis e sem libertação de dióxido de carbono) é mais um dos vetores energéticos que poderá contribuir para a redução da dependência energética do país e para a descarbonização da economia.

Podem ser várias as aplicações energéticas do hidrogénio:

-Substituição dos combustíveis fósseis, em particular o Gás Natural (GN) como combustível em processos industriais (e.g. indústria química, metalúrgica, extrativa e de refinação). Pode também ser injetado diretamente nas redes de GN e utilizado pelos consumidores finais (industriais e residenciais);
-Utilização como combustível, sobretudo nos transportes rodoviários pesados (passageiros ou mercadorias), fluviais, marítimos, ferroviários, sempre que as baterias não se apresentem como uma solução eficiente;
-Conversão da eletricidade renovável produzida em excesso, em hidrogénio, com o objetivo de armazenamento (uma fragilidade das energias renováveis) para que posteriormente seja convertido em eletricidade através de pilhas de combustível ou em turbinas de centrais de ciclo combinado adaptadas.

Porque faz sentido a produção de hidrogénio em Portugal?

-Portugal é competitivo na produção de eletricidade através de fontes renováveis (possui abundantemente fontes naturais como o sol, o vento, hídrica), ganhando vantagem competitiva na produção do hidrogénio através destas fontes. Acresce o facto de o hidrogénio permitir armazenar a produção renovável não utilizada em períodos de baixo consumo, para posterior utilização em eletricidade (centrais a gás ou pilhas de combustíveis);
-Permite a redução da fatura energética, reduzindo as importações de GN e petróleo, pois pode substituir parte dos consumos destas fontes. De notar que em 2019, o saldo importador de petróleo e de refinados ascendeu a €3,4 mil milhões, e as importações de gás natural a €1,2 mil milhões. Portugal ainda tem um longo caminho para percorrer ao nível da dependência energética que representa cerca de 2,2% do PIB (saldo) e o hidrogénio pode ser mais um vetor para a redução desta dependência;
-Contribui para a redução das emissões de GEE pela substituição do GN na indústria e do petróleo nos transportes. Em 2019, através do Roteiro para a Neutralidade Carbónica, Portugal comprometeu-se a atingir a neutralidade carbónica até 2050;
-Permite que as infraestruturas de transporte, distribuição e armazenamento, já instaladas para o GN sejam aproveitadas também para o hidrogénio (um parecer da ERSE aponta o objetivo gradual de adaptação das redes de GN à utilização de gases descarbonizados no período de 2020-2029);
-Contribui para cumprir as metas energéticas nacionais, permitindo uma maior incorporação de fontes de energia renováveis (FER). Em 2019, 30,7% do consumo final de energia teve origem em fontes renováveis, mas o PNEC 2030 compromete-se a uma incorporação de 47%. 1O hidrogénio (H2) surge na natureza combinado com outros elementos químicos como o oxigénio ou o carbono, sendo uma componente da água (H2O) ou do metano (CH4). Assim, para o dissociar destes componentes, procede-se à eletrólise da água (decomposição de água (H2O) em oxigênio (O2) e hidrogênio (H2) por efeito da passagem de uma corrente elétrica pela água) ou reformação do metano. 2 GEE - Gases com Efeito de Estufa. 3 ERSE - Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos.
 

A Estratégia Nacional para o Hidrogénio

Perspetiva-se um elevado volume de investimento no setor.



O Governo aprovou a Resolução do Conselho de Ministros, 30 de julho de 2020 que define a Estratégia Nacional para o Hidrogénio, onde se destacam as seguintes metas até 2030:

10 % a 15 % de injeção de hidrogénio verde nas redes de gás natural;
2 % a 5 % de hidrogénio verde no consumo de energia do setor da indústria;
1 % a 5 % de hidrogénio verde no consumo de energia do transporte rodoviário;
3 % a 5 % de hidrogénio verde no consumo de energia do transporte marítimo doméstico;
1,5 % a 2 % de hidrogénio verde no consumo final de energia;
Criação de 50 a 100 postos de abastecimento de hidrogénio.


Para a concretização destes objetivos são esperados investimentos de €7 mil milhões em novos projetos, €400 milhões de apoios de fundos europeus e €500 milhões de apoios à produção, sendo vários os desafios que se colocam, designadamente, ao nível da inovação, celeridade do investimento, regulação, para que esta se torne uma fonte eficiente e competitiva.

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