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SEGURANÇA ONLINE:

Quais as perspectivas para uma vacina anti-Covid 19?

Carlos Andrade, Chief Economist

 

Recuperação assimétrica da actividade

Regresso ao normal depende uma vacina para a Covid-19.
 
O fim do confinamento estrito e a reabertura gradual das economias têm-se traduzido numa recuperação assimétrica da actividade económica. Um verdadeiro regresso ao "normal" parece ser apenas possível com a descoberta de uma vacina para a Covid-19. Alguns (poucos) tratamentos, como os baseados no Remdesivir ou Dexametasona, podem atenuar os efeitos da doença em alguns casos, mas necessitam de mais investigação e não resolvem a necessidade de restrições à actividade económica. Tipicamente, o desenvolvimento de uma vacina é feito em várias etapas, incluindo uma etapa exploratória, de trabalho laboratorial; uma etapa de ensaios pré-clínicos, na qual a vacina é testada em laboratório e em animais, para avaliar a resposta do sistema imunitário (1-2 anos); e uma etapa de ensaios clínicos, em que a vacina é testada em pessoas, em três fases: uma Fase I com um número reduzido de pessoas, para testar a segurança e a dosagem, e para confirmar a resposta adequada do sistema imunitário (1-2 anos); uma Fase II, na qual se expande os testes a centenas de pessoas, incluindo a divisão em grupos (e.g. etários), avaliando eventuais respostas diferenciadas (2 anos); e uma Fase III, com testes a milhares de pessoas, na qual se comparam as respostas, em termos de infecções, entre pessoas que recebem a vacina e as que recebem um placebo (3-4 anos). Segue-se a avaliação e eventual aprovação dos reguladores e a produção em massa.
 

Investigação acelerada em curso

Processo de 10-15 anos condensado em 1-2 anos.
 

Historicamente, apenas cerca de um terço das vacinas em teste ultrapassam todas estas etapas. Como conciliar, então, as notícias de resultados encorajadores em ensaios clínicos numa vacina contra a Covid-19 com a noção de que a aprovação de uma vacina pode demorar 10-15 anos? Por um lado, a investigação sobre o SARS-Cov-2 e a Covid-19 tem aproveitado os progressos realizados, durante anos, na investigação sobre a SARS (2003) e a MERS (2012). Por outro lado, investigações em outras áreas têm sido colocadas em segundo plano, a favor da investigação sobre a Covid-19, que beneficia de uma concentração sem precedentes de recursos; e algumas fases têm sido combinadas (e.g. iniciando os ensaios clínicos logo num número mais elevado de pessoas).

 

Esperam-se alguns resultados já este ano

Algumas vacinas estão já em ensaios de Fase III.

 

Em meados de julho, existiam mais de 150 linhas de investigação, entre as quais 15 vacinas em ensaios clínicos na Fase I, 11 na Fase II, 4 na Fase III e uma já aprovada (uma vacina chinesa, da CanSinoBIO, com resultados favoráveis nas Fases I e II, aprovada apenas para administração nas forças armadas chinesas). Na Fase III, a investigação mais avançada parece ser a da Universidade de Oxford-AstraZeneca, sendo a única com três ensaios clínicos em curso (um combinando as Fases II e III em Inglaterra e dois de Fase III no Brasil e África do Sul). Outras vacinas, e.g. da Moderna (EUA) e da BioNTech-Pfizer-FosunPharma (Alemanha, EUA e China), com resultados favoráveis nas fases I e II, deverão avançar para a fase III muito em breve.

 

Mas vacina acessível a todos só em 2021-22

Economia terá que conviver com a Covid-19 mais um ano.
 

Embora estes ensaios possam ser apenas completados até meados de 2021, alguns resultados poderão ser já conhecidos nos próximos meses, admitindo-se a possibilidade de aprovação de uma vacina para utilização de emergência em grupos restritos no 4º trimestre de 2020. Já para uma disponibilização em massa, há que ter em conta que, para além da eficácia contra o coronavírus, os ensaios terão que mostrar segurança e ausência de efeitos secundários adversos em grandes números, de forma robusta, o que exige algum tempo, necessariamente. Mesmo assumindo um cenário favorável, sem resultados adversos nos ensaios (o que é incerto), parece difícil uma vacina estar disponível de forma generalizada antes da Primavera de 2021. E, mesmo com algumas empresas a prometerem uma capacidade produtiva de 1 a 2 mil milhões de vacinas até final de 2021 (algumas empresas e Estados estão já a investir numa capacidade de produção em massa), a sua administração à generalidade da população mundial (7.8 mil milhões) não será imediata. Em suma, consumidores, empresas e Governos terão, provavelmente, que continuar a "conviver" com as restrições da Covid-19 durante (pelo menos, parte) deste próximo ano, adaptando-se a essa realidade.

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