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Investir dinheiro em ações: o que precisa mesmo de saber

INVESTIMENTO
09/06/2024
8 min. leitura

Se está a pensar investir dinheiro em ações há duas regras de entrada que deve garantir sempre: pensar no longo prazo e fazer diversificação de investimentos. ​​Saiba como pode tornar-se um investidor para rentabilizar as suas poupanças nos mercados financeiros.

 

Todos os dias ouvimos falar de bolsa, mercados, cotações e ações. Ações a subir, ações a descer, ações que fazem parte das nossas vidas rotineiramente. Na verdade, uma parte das empresas de que ouvimos falar com frequência estão em carteiras de investimento de famílias e pequenos investidores. São negociadas em bolsa, sobem e descem ao sabor dos movimentos da economia e dos momentos da empresa e são uma opção para quem tem uma poupança e quer rentabilizá-la. A pensar em investir em ações? Conheça mais sobre este ativo financeiro.

Ações: o que são e como investir

 

As ações são representativas do capital das empresas cotadas em bolsa (sociedades anónimas ou S.A.). Em cada dia, a ação tem uma cotação de abertura e uma cotação de fecho da sessão em bolsa e é isso que determina a variação do preço e do valor do investimento em cada momento.

 

Para investir em ações, os investidores dão ordens de compra e venda através de um intermediário financeiro/corretora que realiza a transação com base nas condições que o comprador e vendedor definem (podem definir uma data, um preço a partir do qual se deve comprar, por exemplo).

 

O objetivo do acionista é rentabilizar o seu investimento e conseguir que o preço de compra esteja abaixo do preço de venda. Mas há mais alguns fatores que fazem influenciar a rentabilidade do acionista: o pagamento de dividendos e os custos suportados durante o investimento.

 

Índices bolsistas

Já ouviu falar de PSI, Dow Jones ou S&P500? As Bolsas constroem índices de referência com um número limitado de ações e que ajudam a perceber o sentido do mercado em cada momento. Por exemplo, em Portugal, o PSI junta as 20 maiores ações cotadas na bolsa portuguesa. Na Europa, o EuroStoxx 50 é um dos índices de referência (junta ações de várias bolsas europeias) e nos EUA, o Dow Jones Industrial Average e o S&P 500 são os principais indicadores de sentimento dos mercados financeiros de ações. 

Calcular o retorno e conhecer os custos

Se numa solução sem risco, como os depósitos a prazo, a rentabilidade é simples e dependente de um juro conhecido, com um ativo como as ações o cálculo é mais desafiante. Para calcular a rentabilidade do investimento temos de fazer a seguinte fórmula:

 

O que é a rentabilidade?

Rentabilidade = (preço de venda x n.º de ações + dividendos) / (preço de compra x n.º de ações + custos de investimento)

Os dividendos de quem investe em ações representam o pagamento de uma parte do lucro da empresa ao acionista no final do ano de exercício.

Nos custos de investimento, cabem todas as comissões associadas ao intermediário financeiro e à bolsa onde a ação é transacionada:

  1. Comisões de corretagem: associadas a cada ordem de compra ou venda da ação.

  2. Comissões de custódia de títulos: custos cobrados pelo intermediário financeiro por manter os títulos na conta do investidor.

  3. Taxas e custos de bolsa: custos cobrados pela empresa que gere a bolsa onde as ações são transacionadas.

Apesar de estas serem as comissões mais frequentes, há outras que podem influenciar o retorno do seu investimento, tais como as comissões de pagamento de dividendos ou comissão pela utilização de uma plataforma de negociação.

Quer ajuda a fazer as contas?

Como investir em ações: 3 regras de ouro

Os estudos dizem que, quando as ações permanecem muitos anos na carteira, o risco de perder dinheiro na bolsa é diminuto e os ganhos revelam-se bem acima de outros ativos financeiros. Mas para isso acontecer é preciso não esquecer algumas regras. 

1. Mantenha as ações por muito tempo

 

O tempo é o maior aliado dos investidores, porque possibilita diluir o risco e a volatilidade de uma carteira.  À medida que os anos vão passando, é possível eliminar perdas momentâneas e capitalizar os ganhos. Seja paciente e desligue-se dos concursos de popularidade diários em redor das ações que mais ganharam no dia anterior. Prefira centrar-se nos dados fundamentais da empresa.

2. Invista com sustentabilidade

 

A qualidade de uma empresa reflete-se no historial de crescimento das vendas, dos lucros, do número de trabalhadores, da produtividade, dos dividendos e do investimento. Procure empresas que, nos últimos anos, se pautaram por aumentar o valor intrínseco das ações e não naquelas que o fizeram apenas no último ano.

3. Garanta uma margem de segurança

 

Antes de comprar ações é importante construir um “porto de abrigo”. A ideia é que, em caso de uma emergência ou de uma despesa inesperada, não se veja obrigado a correr à bolsa para vender as ações. Isto pode significar a perda de um potencial bom investimento. Opte por construir um “fundo de emergência”, e aplique-o em produtos garantidos e de fácil liquidez como os depósitos a prazo, num montante pelo menos equivalente a seis vezes o custo das suas despesas fixas. 

Como avaliar as ações

Como avaliar as ações

 

Para saber se uma ação está com um preço ajustado ao seu valor, os analistas, e muitos outros profissionais do investimento, avaliam as empresas e as ações com técnicas avançadas que envolvem estimativas de resultados que só vão surgir dentro de cinco ou dez anos. Ainda assim, há alguns indicadores de avaliação que o mercado reconhece como muito úteis e importantes na hora de investir em ações.

O PER (ou P/E, do inglês price-to-earnings) é o mais conhecido e usa os lucros como referência. Este indicador pode ser comparado com a sua média histórica ou com as empresas concorrentes na mesma indústria.

 

Por exemplo, imagine uma empresa a negociar com um PER de 15. Isto quer dizer que, se a empresa mantivesse os lucros anuais e se os distribuísse na totalidade aos acionistas, o dinheiro investido em ações seria, em princípio, devolvido em 15 anos. Se o setor em que se insere esta empresa estiver e negociar com um PER de 20, os investidores poderiam induzir que as ações da empresa estariam mais “em conta”, embora nunca devam confiar apenas num indicador.

5 indicadores de bolsa a ter em conta

 

Todos os rácios têm limitações e, por isso, não devem ser utilizados isoladamente.
Além disso, devem ser avaliados tendo em conta o seu histórico para a empresa que está a ser avaliada e com base no setor de atividade em que se insere.

 

Investir em ações através de fundos

Harry Markowitz, um dos premiados com o Nobel da Economia em 1990, provou que, através da diversificação, é possível reduzir o risco dos investimentos. Significa que uma carteira de diferentes ativos é menos arriscada e volátil do que um portefólio constituído por apenas um ativo.

 

Uma solução passa por recorrer a fundos de investimento ou fundos de índice (também conhecidos por exchange-traded funds, ou simplesmente por ETF). 

Enquanto os fundos de investimento tradicionais são geridos ativamente por uma equipa de gestão de investimento, os ETF são geridos de forma passiva, seguindo um índice como, por exemplo, o S&P 500.

Estes produtos, além de permitirem uma rápida diversificação de ativos, as comissões cobradas são bastante inferiores, em comparação à compra individual de outros ativos.

 

Os fundos de investimento e os ETF têm também a facilidade de permitirem planos de reforços automáticos que oferecem duas grandes vantagens:

 

  • No curto prazo,

    ajudam a ganhar o hábito de poupança.

  • No longo prazo, 

    contribuem para apaziguar as perdas momentâneas que os investimentos possam registar e potenciar a capitalização de ganhos futuros.

     

Quer saber mais sobre perfis de investimento?

 

Conheça o nosso guia para investir em fundos

Ações para diferentes objetivos de investimento

 

Comprar e vender ações e investir em fundos de investimento não são operações complicadas. Mais difícil é perceber o que comprar e em que moldes o fazer, porque cada investidor tem os seus próprios objetivos e diferentes perfis de risco. Siga estes passos: 

  • Defina a sua tolerância ao risco

    Comece por identificar o seu perfil de investidor e procure conciliá-lo com os seus objetivos. Quer isto dizer que, se para alcançar um determinado objetivo tiver como pressuposto obter rentabilidades mais elevadas, a sua tolerância ao risco também tem de ser mais elevada.

  • Crie uma estratégia
    Defina uma estratégia de investimento que não seja eternamente estática. Deve adaptar-se continuamente à evolução do mercado, para daí retirar sempre as melhores oportunidades de negócio. Além disso, deve ter em conta a sua idade e os seus objetivos.
  • Adote a “regra dos 100”

    Uma simplificação para melhor atingir o equilíbrio risco/retorno será, por exemplo, retirar a 100 o número correspondente à sua idade. O resultado será a percentagem que a sua carteira poderá estar investida em ativos mais arriscados (ações) e o remanescente poderá ser distribuído por depósitos e outros ativos de menor risco.

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