Saber como falar sobre dinheiro é uma incógnita para muitos pais e educadores. Ganhe as “ferramentas” para abordar este assunto com os seus filhos e ensiná-los sobre finanças.
Partilhar conhecimentos financeiros com os filhos é uma das tarefas mais importantes dos pais. Saber fazê-lo desde cedo é o primeiro passo para que, no futuro, tenham uma vida financeira saudável. No entanto, há quem se sinta perdido com esta responsabilidade… e é normal. O essencial é procurar que as crianças percebam o valor do dinheiro e que aprendam a geri-lo. Isto faz-se passo a passo. Para ajudar, deixamos-lhe algumas orientações sobre o que deve ensinar aos seus filhos e quando é o momento certo para o fazer.
“Mas, afinal, de onde vem o dinheiro?”. Esta é uma questão que muitas crianças fazem aos pais - nos primeiros anos, ainda não percebem como se ganha dinheiro e qual o seu valor. Ainda mais porque, cada vez menos, o dinheiro é representado por moedas e notas que passam de mão em mão. Hoje, a maior parte dos movimentos financeiros são realizados através de um cartão multibanco ou de uma aplicação no telemóvel.
Por isso, as crianças tendem a associar o dinheiro ao cartão ou à caixa de multibanco, atribuindo, assim, um certo facilitismo à capacidade dos pais para pagarem as coisas.
Ensinar a origem do dinheiro e explicar que ele não “nasce” no multibanco é um trabalho que deve começar desde tenra idade. Coisas tão básicas como dizer aos mais pequenos que se os pais não tiverem dinheiro na conta, a máquina não vai “dar” notas, ou o cartão não vai permitir comprar um produto numa loja.
Se sentir dificuldades em falar com o seu filho sobre este tema, pode procurar ajuda de um psicólogo, ou de uma entidade independente. Há vários workshops e iniciativas sobre literacia financeira focados nos mais jovens.
Ainda se lembra de como aprendeu a guardar e a contar dinheiro? Uma boa forma de ensinar o valor do dinheiro e a poupar desde cedo é o tradicional mealheiro. Dê um ao seu filho e incentive-o a ir guardando as pequenas quantias que vai recebendo. Moeda a moeda, ele verá o mealheiro encher e, quanto maior for o volume, maior será a sua satisfação.
Agora que o seu filho tem a sua própria poupança, e isto pode acontecer logo desde cedo, por volta dos 7-8 anos, já pode ensiná-lo a definir objetivos. Mesmo que ainda seja pequeno, pode explicar-lhe que assim que atingirem um determinado valor, podem aplicar essa poupança numa conta, ou usar parte do dinheiro para comprar algo para ele.
À medida que as crianças vão crescendo, por volta dos 10-12 anos, passam a ter mais noção do valor do dinheiro e do preço das coisas. Por volta desta idade, podem começar a gerir o seu próprio dinheiro.
Exemplo:
Imagine que o seu filho quer comprar um videojogo ou um iPad. Mostre-lhe quanto custa e incentive-o a poupar, para pagar parte ou a totalidade daquilo que deseja.
Dê-lhe liberdade para guardar e gerir o dinheiro que recebe dos avós, padrinhos ou de outros familiares. Ao ter os seus próprios fundos, a criança verá quais as consequências de gerir bem ou mal.
Dinheiro significa liberdade. Se tiver, pode pagar saídas com amigos, prendas para o/a namorado/a, ou, quando tiver idade, as primeiras férias com amigos, sem ter que pedir dinheiro aos pais. Mas para poder financiar estes momentos, é preciso poupar primeiro.
O pagamento de uma mesada vai ajudar a criança a tornar-se mais responsável e a aprender a gerir o seu dinheiro. Calcule um valor que seja suficiente para cobrir as despesas que a criança terá que suportar com esta “remuneração” e para que sobre algum dinheiro. Esta folga é muito importante, pois é a verba que os mais jovens poderão gerir, tendo maior responsabilidade na gestão das suas finanças.
Exemplo:
Com a mesada que recebe, a criança tem de pagar o lanche todos os dias na escola, que custa 1 euro. Isto significa que, para pagar estas despesas, a mesada teria de ser, no mínimo, 20 euros. Se apenas lhe der este valor, a criança não terá dinheiro para gerir, pois o que ganha vai ser todo gasto. Se, por outro lado, lhe der 25 euros, terá 5 euros extra que pode gerir para outras necessidades.
Quanto mais cedo os jovens começarem a gerir o seu orçamento e a tomar decisões sobre como usar o dinheiro, melhor. Por um lado, vão aprender o valor da poupança e o seu poder para os ajudar a alcançar os seus objetivos. Por outro, vão aumentar os seus níveis de literacia financeira, sabendo qual o seu orçamento e onde gastam o seu dinheiro.
Se forem eles a pagar por algo, vão atribuir maior valor a essa compra. Mas também vão aprender a pensar se realmente precisam de adquirir determinado produto ou não e a fazer escolhas financeiras.
Porque o futuro é já amanhã, quando os seus filhos atingirem a adolescência, incentive-os a abrirem ou a reforçarem a sua poupança. Sempre que eles atinjam um determinado valor, podem colocar esse dinheiro numa aplicação financeira, que poderão usar no futuro quando saírem da casa dos pais, ou para pagar aquela viagem que querem fazer depois da faculdade.
Termos como taxas de juro, remuneração e inflação podem e devem ser introduzidos aos mais jovens. É importante que percebam que não é igual deixar o dinheiro parado no banco ou aplicá-lo numa conta que paga uma taxa de juro, assim como o impacto da inflação nas poupanças.
Apenas com conhecimento, as crianças poderão tomar boas decisões financeiras e fazer uma boa gestão do seu orçamento ao longo da sua vida, de modo a alcançarem os seus planos de médio e longo prazo.
Quiz
Qual o exemplo que dá ao seu filho sobre dinheiro?
Responda ao quiz e saiba se os seus comportamentos a gerir as finanças são os mais aconselhados a ensinar aos seus filhos.
Cartões
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