Ao longo das últimas décadas, o Turismo tem vindo a adquirir cada vez mais protagonismo na economia portuguesa. Conhecido como um setor dotado de inúmeras valências, tem sido uma alavanca fundamental na criação de valor para o país, que após a pandemia COVID-19, as atividades turísticas apresentaram uma franca recuperação, com as suas receitas a representarem 9,5% do PIB em 2023 e estimando-se que 2024 se revele o melhor ano de sempre do setor, alcançando aproximadamente 27 mil milhões de euros de receitas e 30 milhões de turistas estrangeiros.

Neste contexto, e embora ainda não exista registo de números oficiais, é previsível que em 2024 os objetivos estipulados na Estratégia Turismo 2027 sejam integralmente alcançados. Paralelamente à sua importância no geral das atividades económicas a que está ligado, o setor manteve-se igualmente expressivo na captação de Investimento Direto Estrangeiro e na realização de importantes transações.

Em termos gerais, em 2024, o segmento da hotelaria apresentou uma performance positiva, estimando-se um crescimento transversal a todos os indicadores, com destaque para alguns acontecimentos relevantes:

• Anúncio do lançamento da Estratégia Turismo 2035 que sucederá à Estratégia Turismo 2027;
• Valorização do Programa Empresas Turismo 360 como elemento-chave na construção dum setor mais sustentável e responsável no âmbito dos critérios ESG;
• Reforço na oferta financeira para apoio ao setor, destacando-se o aumento da dotação da Linha de Apoio à Qualificação da Oferta e sua maior capacidade de intervenção, o lançamento da Linha Turismo + Sustentável e a prorrogação da Linha de Apoio ao Turismo 2021;
• Lançamento dos primeiros avisos do PT2030, com dotação em forma de Incentivo Não Reembolsável para apoiar a inovação e a internacionalização de projetos associados ao setor do Turismo;  
• Reconhecimento internacional, com os prémios de Melhor Destino de Enoturismo do Mundo (FIBEGA), Melhor Destino de Golfe do Mundo 2024 (World Golf Awards), e ainda 31 prémios nos World Travel Awards e o prémio Best Tourism Villages 2024 (Best Tourism Villages by ONU Tourism), para Óbidos e Santa Cruz da Graciosa;
• Nomeação de Portugal para receber o Mundial de Futebol de 2030;
• Abertura de 60 novas unidades hoteleiras de dimensão que totalizam 3.500 quartos. Assinalam-se 3 grandes aberturas: i) Locke de Santa Joana, em Lisboa, com uma oferta de 370 quartos; ii) B&B Hotel Porto Gaia com 210 quartos; iii) Icon Apartments, no Porto, com 170 quartos.

Destacaram-se ainda 3 grandes transações no setor, nomeadamente a compra do Conrad Algarve pelo Grupo Quinta do Lago à DK Partners num negócio que ascendeu a 150 milhões de euros, a venda do Sofitel Lisboa Liberdade por 75 milhões de euros da Accor Invest a um investidor privado e a aquisição do The Oitavos pela BTG Pactual ao Grupo Champalimaud por um montante compreendido entre os 70 e 80 milhões de euros.

Em 2025, de acordo com os dados apontados pelo secretário de Estado do Turismo, é previsível um crescimento em fluxo no setor entre os 4% e os 6% e um aumento nas receitas entre 9% e 11%. A localização do país em contexto europeu distante de conflitos, o clima, a perceção do sistema da saúde alinhado com padrões europeus, a hospitalidade portuguesa e o reconhecimento público obtido com a atribuição de diversos prémios são fatores determinantes. Conforme definido no Conselho Estratégico para a Promoção Turística ocorrido no passado dia 15 de janeiro no Funchal, será reforçado o compromisso do setor com os pilares ESG, ocorrerá o aumento da presença da marca Turismo de Portugal em mercados como os EUA, México, Japão e a Coreia do Sul e manter-se-á a forte atividade nos países do Reino Unido, da Espanha, da Alemanha e da França.

O turismo literário, a arte contemporânea, a arquitetura, o surf, a gastronomia e o enoturismo ganharão destaque como forma de fortalecer a identidade do país e como atrativo para novos segmentos.

No âmbito do lançamento oficial da Estratégia Turismo 2035, novos desafios serão colocados ao setor, sobretudo focados na formação e valorização dos recursos humanos, no incremento da utilização da inteligência artificial, no aumento do rácio de produtividade, numa melhor gestão de recursos e na criação e fixação de conceitos turísticos diferenciadores.

Relativamente a novos investimentos no setor, o Investimento Direto Estrangeiro nos ativos turísticos continuará a ser uma tendência e os apoios para as empresas no âmbito dos Fundos Europeus será essencial. Neste ponto, destacam-se alguns avisos do PT2030, tais como o Inovação Produtiva, a Internacionalização das PME e os Sistemas de Incentivos de Base Territorial, os quais, através da atribuição de Incentivos Não Reembolsáveis, visam potenciar o investimento na criação, na modernização e na expansão de atividades, no desenvolvimento de soluções inovadoras e no incremento de vendas internacionais.

O crescimento na hotelaria continuará a verificar-se, com previsão de abertura de cerca de 44 hotéis de dimensão espalhados um pouco por todo o país, o que se traduzirá no aumento da oferta disponível em cerca de 4700 quartos.

Alinhado com o seu desempenho em 2024, conclui-se que, em 2025, o setor do Turismo manterá a trajetória de consolidação de Portugal como um destino turístico de referência, afirmando-se cada vez mais como motor de criação de valor na economia nacional e com protagonismo em diversas vertentes estratégicas, tais como geração de receitas, criação de emprego, divulgação do país, atração de IDE, entre outras.