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Mapa de todos os custos e despesas de ter um filho (e possíveis apoios)

ORÇAMENTO FAMILIAR
07/06/2024
7 min. leitura

 

Já fez as contas a quanto custa ter um filho? Apesar de ser um dos momentos mais marcantes da vida, é também um dos mais exigentes. Mas há uma prática que pode ajudar (e muito) a preparar esta fase: fazer as contas ao orçamento familiar. Saiba, realmente, os custos e as despesas de ter um filho.

 

Aumentar a família obriga a grandes ajustes no orçamento familiar. Entre alimentação, escola, roupa e saúde, as despesas com filhos ascendem a várias centenas de euros por mês. No primeiro ano de vida, o investimento é ainda maior. Há que preparar o quarto, comprar o carrinho, a cadeirinha para o carro e todos os outros acessórios necessários para a chegada de um bebé. E não nos podemos esquecer das fraldas, roupa e chupetas.

 

O primeiro passo para se preparar financeiramente é fazer o orçamento familiar. Na verdade, este é um hábito que deve fazer parte da sua gestão financeira, de forma a saber quais as suas despesas e quanto sobra do seu rendimento mensal. Depois de saber as voltas que o seu dinheiro dá, faça uma estimativa do que irá precisar para criar uma criança.

 

 

Afinal, quanto custa ter um filho?

 

Os custos com uma criança são maiores no primeiro ano de vida. O primeiro filho representa, aliás, um aumento médio de 20% da despesa mensal nos primeiros seis meses após o nascimento.

 

Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), esta subida deve-se “ao aumento médio de 52% nas despesas no setor do retalho, 36% na saúde, 16% na eletricidade e gás e 9% na água“.

 

 

Fonte:

Estimativas com base no último Inquérito às Despesas das Famílias e estudo do INE divulgado em maio.

Mas as contas a quanto custa ter um filho não ficam por aqui

Nos primeiros dois anos de vida do bebé há ainda que contar com os gastos essenciais. Falamos das fraldas (15 a 35 cêntimos/fralda, multiplicado por 56 fraldas por semana) e dos produtos de higiene. Um gasto que nunca será inferior a 600 euros por ano, além dos custos adicionais em saúde, com pediatra e vacinas fora do Serviço Nacional de Saúde (150-200 euros).

 

E depois do primeiro ano de vida do bebé? 

 

Nesta fase, e embora as fraldas ainda pesem no orçamento, há que considerar outros gastos. Para quem optar por deixar a criança na escola pública – as creches passaram a ser gratuitas para todas as crianças até aos 3 anos, desde setembro de 2022 –, os custos variam.

 

Em média, o gasto mensal ronda os 50 euros, dependendo do que se gasta com material escolar, refeições e outras despesas. Mas este valor não inclui o regresso às aulas, em setembro. Neste mês, é preciso esperar uma fatura bem mais elevada. Mas, vamos por partes: 

Contas feitas, juntando alimentação, uma atividade extracurricular, gastos com vestuário, calçado e outros custos inesperados, um filho pode custar mais de 300 euros/mês.

Segundo um estudo da Universidade de Coimbra, coordenado pelo psicólogo Eduardo Sá e realizado em 2008, os pais portugueses de classe média gastam em média entre 236 e 678 euros por mês (considerando a inflação, entre 287 e 823 euros) com cada filho até aos 25 anos. Um valor que inclui despesas em fraldas, médicos, comida, roupa, desporto, livros, propinas e mensalidades escolares.

 

Novas rotinas, o mesmo estilo de vida?

Agora que já sabe quanto custa ter um filho, há que fazer contas à vida. Olhe para o seu orçamento e tente perceber se consegue acomodar estes gastos ou se terá de fazer concessões e ajustes nas suas despesas – e em quais está disposto a fazê-lo. 

Hábitos como jantar fora ou ir aos saldos poderão dar lugar a idas ao supermercado ou à farmácia. Já as compras de roupa, provavelmente, vão passar a ser muito mais na secção de criança. Comparativamente àquilo que era a vida de casal, facilmente a fatura de supermercado duplica com a compra de produtos como fraldas ou papas para bebé.

A chegada de um bebé pode ainda obrigar a outras alterações e investimentos importantes no estilo de vida familiar. Se conduzia um mini, o mais provável é que tenha de trocá-lo por um carro mais espaçoso e com condições para acolher a cadeirinha do bebé e todos os bens que terá que transportar. É um gasto que deverá, também, contemplar no seu orçamento. 
 

Quanto custa ter um filho: nesta conta, o Estado também ajuda

Ter um filho é caro, mas, nos últimos anos, o Estado tem aprovado várias medidas de apoio à natalidade. Saiba quais os apoios que podem ajudar a fazer face às novas necessidades do seu orçamento familiar: 

  • Creche gratuita

    Para crianças nascidas a partir de 1 de setembro de 2021, ao abrigo do programa Creche Feliz.

  • Acesso a manuais escolares grátis

    Novos ou reutilizados, do 1.º ao 12.º ano. Há ainda municípios que oferecem livros de fichas educativas.

     

  • Subsídio de parentalidade

    Nos períodos de licença inicial, quando nasce um bebé.

  • Abono de família

    Em função dos rendimentos. Os valores variam entre os 62,75 e os 161,03 euros por mês, para crianças até aos três anos, e os 20,91 e os 100 euros, para crianças com mais de três anos. 

  • 30 dias por ano de assistência à família

    Os pais têm direito a tirar até 30 dias por ano para assistência à família, por exemplo, em caso de doença, recebendo um subsídio enquanto ficam em casa a cuidar do filho.

     

Saiba quais as deduções nos impostos com que pode contar

Além das medidas de apoio acima referidas, há ainda uma listagem de possíveis deduções nos impostos que deve considerar e que podem ajudar a equilibrar o seu orçamento familiar. Conheça-as e veja se é beneficiário. 
 

  • Deduções específicas de IRS:
    • 600 euros por cada filha/o com mais de 3 anos;
    • 726 euros por cada filha/o com menos de ou igual a 3 anos;
    • 900 euros por cada filha/o com menos ou igual a 3 anos, caso seja 2.º dependente e seguintes;
    • 1.187,50 euros por cada filha/o com deficiência.
  • Deduções por tipo de despesa:
    • 1.900 euros das despesas de acompanhamento por cada filha/o em comum com grau de incapacidade igual ou superior a 90%;
    • 35% das despesas gerais familiares por cada filha/o até ao limite global de 250 euros;
    • 15% das despesas com saúde e seguros por cada filha/o até ao limite global de 1.000 euros;
    • 30% das despesas com educação e formação por cada filha/o até ao limite global de 800 euros, podendo ser de 1.000 euros se a diferença for relativa às rendas de arrendamento de estudante deslocado;
    • 30% das despesas com educação e reabilitação por cada filha/o com deficiência;
    • 25% das despesas com prémios de seguro ou contribuições para associações mutualistas por cada filha/o com deficiência;
  • IVA:
    • 100% do IVA suportado nas faturas relativas aos passes mensais dos transportes públicos por cada filha/o até ao limite global de 250 euros.

Famílias monoparentais, apoios específicos

Nestas contas, as famílias monoparentais beneficiam de apoios específicos, uma vez que dependem de uma única fonte de rendimentos. Vamos saber quais são: 

 

● Benefícios no IRS: As famílias monoparentais podem ainda deduzir 45% do valor das despesas gerais familiares até ao limite de 335 euros vs 250 euros;
 

● Majoração de 35% dos abonos de família;
 

● Majoração de 25% no subsídio de desemprego;
 

● Apoios na habitação: Famílias monoparentais podem candidatar-se ao:
Regime do Arrendamento Apoiado;
Programa de Apoio ao Arrendamento.
 

● Teletrabalho para famílias monoparentais com crianças até aos oito anos. (Todos os pais com crianças até três anos podem pedir para ficar em teletrabalho, desde que haja condições para tal.)

Agora que já listámos as (possíveis) despesas com filhos, bem como os benefícios e apoios com que pode contar, olhe para o seu orçamento e faça muito bem os cálculos a quanto custa ter um filho.