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Crise de excedente de vinho em Portugal

Há 10 anos, Portugal produzia 6 milhões de hectolitros de vinho e importava 1,6 milhões de hectolitros por ano. Em 2023, Portugal produziu 7,5 milhões de hectolitros de vinho — um aumento de 21% — e importou 2,9 milhões de hectolitros — um aumento de 86%.

Há 10 anos, os consumidores portugueses tiveram à sua disposição no mercado interno cerca de 4,7 milhões de hectolitros de vinho – o equivalente a 638 milhões de garrafas. Já em 2023, os consumidores portugueses tiveram à sua disposição no mercado interno 7,3 milhões de hectolitros de vinho – o equivalente a 975 milhões de garrafas – um aumento de 53%.

Embora a produção e a importação de vinho tenham aumentado significativamente em Portugal nos últimos 10 anos – e as exportações se tenham mantido estáveis – o consumo não acompanhou essa evolução.

Em 2013, foram consumidos 4,2 milhões de hectolitros de vinho em Portugal, enquanto existiam 4,7 milhões de hectolitros disponíveis no mercado. Em 2023, foram consumidos 5,5 milhões de hectolitros de vinho, enquanto existiam 7,3 milhões de hectolitros disponíveis no mercado.


Disponibilidade e Consumo de Vinho em Portugal (HL)

Fonte: Instituto da Vinha e do Vinho (IVV)
Disponibilidade de Vinho no Mercado Português (Produção + Importações – Exportações) e Consumo de Vinho em Portugal

 

 

Este desfasamento entre a oferta e a procura foi registado pela primeira vez em 2019 e atingiu o seu recorde em 2023 – o que causou uma acumulação de stocks sem precedentes, o que poderá impactar a campanha de 2024, porque as infraestruturas de armazenamento de um número significativo de operadores estão na sua capacidade máxima.

Para mitigar os efeitos da crise de excedente de vinho em Portugal, a Comissão Europeia anunciou, em julho de 2024, um apoio excecional de 15 milhões de euros. O Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) alocou 3,5 milhões de euros a esta medida, provenientes de saldos e receitas próprias. Com uma dotação total de 18,5 milhões de euros, a medida visou financiar a destilação de vinho em excesso para a produção de álcool destinado a fins industriais, farmacêuticos ou energéticos.

O apoio anunciado foi de 0,42 € por litro de vinho. No caso do vinho produzido na Região Demarcada do Douro, ao valor mencionado acresceu um pagamento adicional de 0,33 € por litro, resultando num apoio total de 0,75 € por litro.

As candidaturas ao apoio encerraram a 16 de agosto e foram apenas aplicáveis a vinho tinto DOP e IGP. Para serem elegíveis, os operadores não podiam ter importado vinho para comercialização nos últimos três anos.

No início de setembro, o Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) começou a notificar os operadores candidatos. Estima-se que cerca de 200 operadores receberão o apoio para destilar 36 milhões de litros de vinho – o equivalente a 48 milhões de garrafas. A dotação total da medida foi suficiente para cobrir as candidaturas aprovadas, atingindo uma taxa de execução de 98%.

Ainda no âmbito do plano estratégico do Governo para responder à atual situação de desequilíbrio de mercado criada pelo excesso de stocks de vinhos tintos em Portugal, foi disponibilizada uma linha de crédito, no montante de 100 milhões de euros, com juros 100% bonificados, destinada a facilitar o acesso por parte das empresas que se dedicam à transformação de uva para vinho aos meios financeiros necessários para pagamento aos fornecedores de uva.

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