Agricultura e Agroindústria
Reprogramação do plano estratégico da política agrícola comum
2023-2027
O Plano Estratégico da Política Agrícola Comum 2023-2027 (PEPAC) engloba um conjunto de medidas a implementar a nível nacional - financiadas pelo Fundo Europeu Agrícola de Garantia (FEAGA) e pelo Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER) - com o objetivo de convergir com as diretrizes da nova Política Agrícola Comum (PAC) definidas pela União Europeia.
O Plano Estratégico da Política Agrícola Comum 2023-2027 (PEPAC) conta com duas reprogramações aprovadas e uma em processo de aprovação pela Comissão Europeia.
A primeira reprogramação, aprovada em fevereiro de 2024, definiu a transição gradual dos Programas Operacionais da Organização Comum dos Mercados para o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum, reduziu as áreas de fertilização orgânica e biodiversidade a apoiar, aumentando o valor do apoio, diferenciou jovens agricultores com e sem exclusividade, aumentou o número de jovens agricultores beneficiários e atualizou os objetivos da abordagem LEADER de acordo com Estratégias de Desenvolvimento Local submetidas pelos Grupos de Ação Local (GAL).
A segunda reprogramação, aprovada em junho de 2024, adaptou os “Compromissos Agroambientais e Clima” com base na procura. O financiamento do Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER) e do estado português foi realocado para os compromissos com maior procura, como o enrelvamento, pastagens biodiversas, uso eficiente da água, montados e lameiros, culturas permanentes e paisagens tradicionais, mosaico agroflorestal, manutenção de raças autóctones, planos zonais agroambientais, gestão do montado por resultados e gestão integrada em zonas críticas. Por outro lado, o financiamento foi reduzido para as intervenções com menor procura, como sementeira direta e proteção de espécies com estatuto e silvo-ambientais. No âmbito da segunda reprogramação, foram também alterados investimentos na Região Autónoma dos Açores e atualizados os objetivos da abordagem LEADER, de acordo com Estratégias de Desenvolvimento Local submetidas pelos Grupos de Ação Local (GAL).
Embora tenha havido um reforço de medidas em resposta à procura, como os “Compromissos Agroambientais e Climáticos”, outras, que evidenciaram um desfasamento significativo no primeiro ano de execução do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum, não foram reajustadas nem na segunda nem na terceira reprogramação – como é o caso dos “Ecorregimes”.
A causa apontada deve-se ao facto de os “Compromissos Agroambientais e Climáticos” estarem alocados ao Segundo Pilar da Política Agrícola Comum, que é financiado pelo Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER) e pelo estado português, e que manifesta uma maior flexibilidade quanto a alterações. Em contraste, os “Ecorregimes” estão alocados ao Primeiro Pilar, que é financiado pelo Fundo Europeu Agrícola de Garantia (FEAGA) e é menos flexível em termos de alterações.
Em julho de 2024, o Ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, participou numa audiência da Comissão de Agricultura e Pescas da Assembleia da República, na qual apresentou os principais objetivos da terceira reprogramação do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum, que já foi submetida à Comissão Europeia e espera-se que seja aprovada em outubro.
O principal objetivo da terceira reprogramação do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum, será transitar os “Ecorregimes” com maior procura – agricultura biológica e produção integrada – para o segundo pilar, permitindo maior flexibilidade de alterações e consequentemente maior capacidade de resposta à área requisitada. A terceira reprogramação prevê ainda o reforço do apoio a jovens agricultores – beneficiando aqueles que se dedicam exclusivamente à atividade agrícola.
Na mesma audiência, o Ministro da Agricultura e Pescas pede ao setor que não considere a Política Agrícola Comum como o único instrumento de apoio. Segundo José Manuel Fernandes, instrumentos como o Fundo de Coesão, os Programas Operacionais Nacionais e Regionais, o Compete 2030, o Pessoas 2030 e o Horizonte Europa devem ser vistos como oportunidades reais para aumentar a resiliência, competitividade e sustentabilidade do setor.
O Plano Indicativo de Abertura de Candidaturas às Intervenções do Segundo Pilar do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum foi lançado em junho de 2024. A tabela em baixo apresentada destaca as principais medidas.
Eixo | Saude Medida | Intervenção | oBJETIVO |
---|---|---|---|
C. Continente: | C.2. Investimento e Rejuvenescimento: • C2.1. Investimentos na Exploração Agrícola | C.2.2.1. Investimento Produtivo Agrícola - Modernização | Reforçar a competitividade, melhorar o desempenho e garantir a viabilidade e a sustentabilidade das explorações agrícolas. |
C.2.1.2. Investimento Agrícola - Melhoria do Desempenho Ambiental | Aumentar o desempenho ambiental e climático das explorações agrícolas, dotando-as de maior resiliência, sustentabilidade, e assegurando o bem-estar animal. | ||
C.2.1.3. Investimentos Não Produtivos | Reforço da gestão sustentável dos recursos naturais, proteção da biodiversidade e preservação dos habitats e paisagens. | ||
C.2. Investimento e Rejuvenescimento: • C2.2. Instalação Jovens | C.2.2.1. Prémio Instalação Jovens Agricultores | Rejuvenescer o tecido agrícola para trazer mais empreendedorismo à atividade, mais inovação e adoção de novas competências e práticas de gestão, que irão gerar aumento dos níveis de produtividade da exploração e, simultaneamente, melhorar os padrões de desempenho agroambiental. Agricultores | |
C.2.2.2. Investimento Produtivo Jovens Agricultores | Reforçar a competitividade, melhorar o desempenho e garantir a viabilidade, a sustentabilidade e a melhoria do desempenho ambiental das explorações agrícolas de jovens agricultores. | ||
C.3. Sustentabilidade das Zonas Rurais • C.3.1. Investimentos na Bioeconomia de Base Agrícola/Florestal | C.3.1.1. Investimento Produtivo Bioeconomia - Modernização | Contribuir para a consolidação do tecido agroindustrial e da indústria florestal, por via do reforço das cadeias de valor que resultam da interação coordenada entre a produção agrícola ou florestal, a transformação e o retalho. | |
C.3.1.2. Investimento na Bioeconomia - Melhoria do Desempenho Ambiental | Fomentar o investimento que contribua para o aumento do desempenho ambiental ou climático na bioeconomia a montante e a jusante. |
Destacam-se ainda algumas medidas do Eixo D. Continente: Abordagem Territorial Integrada, em particular a D1. Desenvolvimento Local de Base Comunitária. Esta medida parte da seleção de um representante de uma comunidade ou região, Grupo de Ação Local (GAL), que é responsável pela elaboração e implementação de uma Estratégia de Desenvolvimento Local (EDL). As EDL têm como objetivo responder às necessidades específicas de uma determinada comunidade ou região. Entre as várias estratégias a serem implementadas em diferentes comunidades ou regiões, estão previstas as seguintes ações:
Pequenos Investimentos na Exploração Agrícola
Pequenos Investimentos na Bioeconomia e Economia Circular
Investimentos em Diversificação, Comércio e Serviços Associados
Inovação na Comercialização, Cadeias Curtas e Mercados Locais
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