
economia e mercados
24 Economia e Mercados
Diário
Publicação diária com os principais indicadores dos mercados financeiros (ações, obrigações, mercado monetário, taxas de câmbio, commodities) e com a análise dos principais “market movers” do dia, incluindo os indicadores de atividade económica, as decisões de política monetária e os eventos políticos mais relevantes.
Março 2025
- O PMI Compósito da Zona Euro subiu, em Março, ligeiramente abaixo do esperado, continuando a sinalizar uma expansão muito ligeira da actividade. O PMI Manufacturing subiu de 47.6 para 48.7 pontos, indicando ainda uma contracção da actividade, mas mais moderada (de referir que a componente de produção voltou a terreno de expansão pela 1ª vez em 2 anos). Já o PMI Serviços sinalizou uma pequena desaceleração da actividade neste sector, contrariando as expectativas de uma ligeira aceleração. Merece destaque a ligeira aceleração da actividade sugerida pelo PMI Compósito na Alemanha (para um máximo de 10 meses), com uma subida mais expressiva da componente da indústria.
- O mercado accionista europeu registava ganhos ligeiros esta manhã (0.3% no DAX, 0.17% no Euro Stoxx 600), em parte traduzindo o maior optimismo sobre a actividade na Alemanha, noutra parte reflectindo rumores de que os anúncios sobre tarifas por parte dos EUA no próximo dia 2 de Abril poderão ser mais direccionados e menos generalizados do que o temido; mas com estes factores temperados pelo tom modesto dos PMIs no conjunto da Zona Euro. A yield do Bund a 10 anos subia 1 bp. O euro apreciava 0.17% face ao dólar, para EUR/USD 1.084.
- Nos EUA, o indicador de confiança dos consumidores (apurado pelo Conference Board) deverá sinalizar (terça-feira) uma nova deterioração do sentimento, antecipando-se um aumento das expectativas de inflação e uma avaliação mais negativa das condições do mercado de trabalho. No final da semana, espera-se, nos EUA, a divulgação de uma subida do deflator core do consumo pessoal em Fevereiro (uma medida de inflação de referência para o Fed). Estes indicadores poderão suportar os recentes receios de uma eventual conjuntura “estagflacionista” nos EUA. No Reino Unido, a inflação medida pelo IPC deverá ter registado um recuo apenas marginal em Fevereiro, para 2.9% YoY (ou 3.6% YoY a nível core).
- Os mercados accionistas apresentam perdas generalizadas na manhã desta 6ª feira, prolongando o movimento de desvalorização já ontem observado. O sentimento dos investidores permanece pressionado pelos receios quanto ao impacto negativo da política de tarifas da Administração Trump nos EUA sobre a economia global e sobre os resultados empresariais. A incerteza enfatizada por vários responsáveis dos principais bancos centrais veio reforçar as preocupações dos investidores.
- Perante o Parlamento Europeu, a Presidente do BCE reconheceu que a imposição pelos EUA de tarifas de 25% sobre importações europeias poderá reduzir o crescimento da Zona Euro em até 0.3 pontos percentuais no primeiro ano e levar a um aumento da inflação. Se a UE responder aumentando as tarifas sobre as importações norte-americanas, o impacto aumentaria para cerca de meio ponto percentual. Neste cenário, e embora sublinhando a elevada incerteza destas estimativas, o impacto sobre a inflação poderá ser o de um aumento de meio ponto percentual.
- O Banco de Inglaterra manteve ontem inalterada a Bank rate em 4.50%, tal como amplamente antecipado. À semelhança do Fed e do BCE, a autoridade monetária britânica sublinhou a elevada incerteza geopolítica e quanto à evolução do comércio internacional, o que implica a continuação de uma actuação da política monetária muito dependente da informação que for sendo conhecida. Tal como em comunicados anteriores, o Banco de Inglaterra enfatiza os riscos negativos à actividade no Reino Unido enquanto reconhece que as pressões ascendentes sobre os preços permanecem elevadas.
- Tal como esperado, o Fed manteve ontem o target para a taxa de juro fed funds no intervalo 4.25-4.50%. As projecções dos membros do FOMC reviram em baixa o crescimento do PIB (de 2.1% para 1.7% este ano e de 2% para 1.8% em 2026) e o desemprego este ano em alta (para 4.4%). O Fed vê a inflação este ano em 2.7% (vs. 2.5% antes) e em 2.2% em 2026 (vs. 2.1%). Quanto à taxa de juro de referência, a mediana das projecções mantém a expectativa de dois cortes até ao fim do ano. Powell sublinhou a elevada incerteza decorrente das alterações de política económica levadas a cabo pela nova Administração, em particular quanto ao impacto das tarifas sobre os preços. O Fed anunciou ainda uma redução do ritmo de diminuição do seu balanço (QT). As yields da dívida dos EUA caíram 7 e 4 bps a 2 e 10 anos.
- O cobre superou esta manhã o patamar de USD 10000/tonelada, situando-se assim ao nível mais elevado desde Outubro, com a expectativa de que a Administração Trump se prepara para a imposição de tarifas sobre as importações do metal. O ouro ascendeu a um novo máximo de USD 3057/onça, num quadro de menor crescimento e de inflação mais elevada, segundo as novas projecções dos membros do Fed.
- O Banco de Inglaterra deverá manter hoje inalterada a Bank rate em 4.5%, num quadro de persistência de inflação elevada no Reino Unido (e de aumento de pressões ascendentes sobre os salários). Os líderes da UE reúnem-se hoje em Conselho Europeu para discutir o incremento da despesa em defesa, a competitividade e a união da poupança e investimento.
- Os principais índices accionistas europeus seguiam esta manhã em queda (-0.35% no DAX), depois de, ontem, os índices americanos terem prolongado a recente tendência negativa. A Tesla caiu 5.3%, depois de a concorrente chinesa BYD ter anunciado um novo sistema de carregamento eléctrico de 5 minutos. Com a incerteza a manter-se em torno de um cessar-fogo na guerra da Ucrânia, o ouro atingiu novos máximos, acima de USD 3050/onça, recuando ligeiramente esta manhã, para USD 3038. A lira turca perdia 6% face ao dólar, em reacção à prisão de Ekrem Imamoglu, o principal rival político do Presidente Erdogan. O Banco do Japão manteve a sua taxa directora inalterada em 0.5%.
- Ontem, na Alemanha, a câmara baixa do Parlamento aprovou um aumento significativo da despesa em Defesa e infraestruturas, que se traduzirá num maior suporte da política orçamental ao crescimento. Os votos da CDU, SPD e Verdes asseguraram a maioria necessária de dois terços para ultrapassar as restrições da Constituição ao aumento da despesa (513 votos em 733). Com o resultado antecipado, a yield do Bund a 10 anos recua 3 bps desde ontem, para 2.79%; e o euro perde 0.4%, para EUR/USD 1.09. Já o indicador ZEW de sentimento económico na Alemanha registou uma forte subida em Março, acima do esperado, com o maior optimismo sobre o crescimento.
- Hoje, nos EUA, o Fed deverá manter os juros de referência em 4.25%-4.50%. Apesar da deterioração do sentimento na economia americana, a persistência da inflação e a subida das expectativas inflacionistas deverão condicionar a autoridade monetária. O Fed quererá esperar por sinais de uma maior deterioração das condições financeiras e do outlook antes de voltar a descer os juros. Merece atenção a actualização das projecções económicas e do dot plot, bem como a conferência de imprensa do Chair Powell.
- Os mercados accionistas apresentam ganhos generalizados na manhã desta terça-feira, prolongando o movimento de valorização já ontem observado. Os avanços mais expressivos nas bolsas asiáticas e europeias face às dos EUA ilustram a tendência de maior procura por activos não americanos, num contexto de grande incerteza e receios quanto aos impactos da política económica da Administração Trump. O DAX sobe 0.8%, ampliando o ganho desde o início do ano para 17%.
- Os factores de natureza geopolítica permanecem no topo das preocupações dos investidores. Será hoje votada no Bundestag, câmara baixa do Parlamento alemão, a legislação que permitirá um forte crescimento da despesa em defesa e infraestruturas. A confirmar-se a esperada aprovação (pela CDU, SPD e Verdes) da legislação, tratar-se-á de uma alteração fundamental da política orçamental, que deverá incrementar a despesa pública e estimular o crescimento do PIB da Alemanha e também da Zona Euro nos próximos anos.
- A cotação do outro atingiu já hoje um novo máximo histórico de USD 3017/onça, ilustrando o elevado nível de tensões geopolíticas e os receios em torno da economia americana e global. No Médio Oriente, Israel lançou esta noite um conjunto de mísseis sobre a faixa de Gaza, pondo termo a 2 meses de tréguas com o Hamas. Os Presidentes dos EUA e da Rússia terão hoje uma importante conversa telefónica acerca do conflito na Ucrânia. Nos EUA, as vendas a retalho cresceram menos que o esperado em Fevereiro (0.2% vs. expectativa de 0.6%), depois de a queda do mês anterior ter sido a mais acentuada desde Julho de 2021. Será hoje conhecida a produção industrial nos EUA em Fevereiro.
- A semana iniciou-se com sinais de resiliência da economia da China. Em Jan-Fev, as vendas a retalho e o investimento aceleraram, respectivamente, para 4% e 4.1% YoY. A produção industrial cresceu 5.9% YoY, acima do esperado. No fim-de-semana, as autoridades chinesas anunciaram novos estímulos ao consumo. Na Europa, os principais índices accionistas registavam ganhos ligeiros. O preço do petróleo (Brent) subia 0.6%, para USD 71/barril, com os sinais positivos sobre a procura na China e depois de, no fim-de-semana, os EUA terem atacado alvos dos rebeldes Houthis no Iémen. O ouro recuava dos recentes máximos (-0.2%).
- Esta terça-feira, o parlamento da Alemanha deverá votar as alterações à Constituição que permitirão relaxar o limite máximo de 0.35% do PIB para o défice estrutural e aumentar a despesa em Defesa e infraestruturas, tornando a política orçamental mais expansionista. Na última semana, a CDU chegou a acordo com os Verdes para, com o SPD, obterem os necessários dois terços dos votos no parlamento. Depois de atingir um máximo do ano acima de 2.94% na última semana, a yield do Bund a 10 anos evoluía hoje em torno de 2.87%. O euro seguia estável em EUR/USD 1.088. Na 6º feira, a Fitch manteve o rating soberano de Portugal em A-. A Moody’s reviu o rating da Grécia de Ba1 para Baa3. Pela 1ª vez desde 2010, o país voltou a ser visto como investment grade pelas 3 principais agências.
- Nos EUA, esta semana o Fed deverá manter os juros de referência em 4.25%-4.50%. Dado o aumento do pessimismo de consumidores e empresas sobre o outlook, o mercado (que espera 2 a 3 cortes de 25 bps até final do ano) quererá ver sinais de que o Fed estará pronto a actuar, se necessário. Ao nível dos indicadores, estima-se uma ligeira recuperação das vendas a retalho em Fev (+0.7% MoM). BoE, BoJ e Risksbank deverão manter as taxas directoras inalteradas (possivelmente com um tightening bias no caso do BoJ). O SNB (Suíça) poderá cortar 25 bps.
- A manhã desta 6ª feira está a ser caracterizada por ganhos dos mercados accionistas europeus e asiáticos, impulsionados pela perspectiva de um acordo no Congresso dos EUA que impeça um Goverment shutdown já este sábado. O líder Democrata do Senado apoiará a spending bill do Partido Republicano, afirmando que um shutdown seria “muito pior”. Vários Senadores do Partido Democrata mantêm, no entanto, a intenção de votar contra aquele documento, desejando combater os planos de Trump e Musk quanto ao encerramento de serviços federais. A agência Fitch poderá rever hoje em alta o rating da dívida de Portugal de A- para A, apesar da actual crise política.
- A cotação do ouro ascendeu já hoje a um novo máximo de USD 2994/onça, aproximando-se assim do patamar de USD 3000, reflectindo a elevada aversão ao risco actual, com os investidores receosos do impacto negativo da política económica da Administração Trump, sobretudo no que respeita às tarifas sobre as importações. A valorização do ouro ascende a 2.6% desde o início da semana e a 14% desde o início de 2025. O Presidente dos EUA ameaçou impor uma tarifa de 200% sobre os vinhos e outras bebidas alcoólicas importadas da Europa. Será esta tarde divulgado o índice de confiança apurado pela Universidade de Michigan para Março.
- A economia britânica terá sofrido uma contracção mensal de 0.1% em Janeiro, penalizada por quedas da indústria e da construção. Este desempenho, inferior ao esperado, ilustra a fragilidade que a economia do Reino Unido atravessa, e aumenta a expectativa quanto ao possível anúncio de um programa de investimento em infraestruturas por parte do Governo Trabalhista.
- Os mercados accionistas apresentam perdas moderadas na manhã desta 5ª feira. Os riscos de Government shutdown nos EUA já este Sábado, perante o impasse político que persiste no Congresso, estão a agravar as preocupações dos investidores quanto ao desempenho da economia norte-americana. A sessão de ontem ficou, no entanto, marcada por uma recuperação dos índices accionistas de referência na Europa e nos EUA. Mantém-se, assim, a elevada volatilidade que tem caracterizado as últimas 2 semanas. Os ganhos de ontem nas acções foram impulsionados pela melhoria de sentimento gerada pela divulgação dos dados de inflação nos EUA.
- Os dados de inflação nos EUA referentes a Fevereiro revelaram uma evolução mais favorável que o esperado. Os preços no consumidor subiram 0.2% MoM, o menor aumento dos últimos 4 meses. Também ao nível core a subida de preços foi de 0.2%. A inflação homóloga desceu, assim, de 3% para 2.8% e de 3.3% para 3.1% a nível core. Esta evolução favorável da inflação nos EUA poderá, no entanto, não se prolongar nos próximos meses. A elevação de tarifas às importações poderá conduzir a um aumento mais significativo dos preços em Março e Abril.
- O Presidente Trump ameaçou retaliar contra as medidas anunciadas ontem pela Comissão Europeia (tarifas sobre um leque de importações dos EUA de EUR 26 mil milhões), que constituem uma resposta “proporcionada” à imposição pelos EUA de tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio. A ameaça de Trump aumenta o risco de uma escalada da guerra comercial. Também ontem o Canadá anunciou a imposição de uma tarifa de 25% sobre cerca de CAD 30 mil milhões de bens dos EUA.
- Os índices accionistas europeus abriram a sessão de hoje a valorizar (+0.7% no Euro Stoxx 600 e DAX), invertendo a recente tendência de queda e reflectindo (i) as notícias de que a Ucrânia aceitou a proposta dos EUA para um cessar-fogo de 30 dias com a Rússia e (ii) a moderação de algumas medidas proteccionistas entre os EUA e o Canadá que marcaram o dia de ontem. A yield do Bund subia marginalmente esta manhã, para 2.91%, e o euro estabilizava em torno de EUR/USD 1.091. O spread soberano de Portugal (diferencial vs. yield do Bund a 10 anos) estreitava 1 bp esta manhã, para 49 bps, não sendo assim visível nenhuma reacção adversa do mercado à queda do Governo português.
- A sessão de terça-feira revelou-se fortemente volátil, com os principais índices accionistas a registarem quedas na Europa e nos EUA. O sentimento dos investidores manteve-se condicionado por preocupações com o crescimento da economia americana e com a imprevisibilidade da política comercial da Administração Trump. No contexto da introdução de tarifas de 25% sobre as importações de aço e o alumínio, que entram esta 4ª feira em vigor, o Presidente americano afirmou ontem que esta percentagem seria duplicada para 50% no caso do Canadá, em retaliação contra a tributação, em 25%, das exportações de electricidade da província de Ontário para os EUA. A medida acabou por ser suspensa, levando Trump a recuar também nos 50%.
- Os EUA mantêm a intenção de introduzir novas tarifas (“recíprocas”) no início de Abril. E, em reposta às tarifas sobre o aço e o alumínio, a UE anunciou medidas de retaliação sobre EUR 26 mil milhões de importações dos EUA, incluindo aço, alumínio, bens agrícolas e têxteis. Hoje, as atenções centram-se na divulgação da inflação de Fev, nos EUA, estimando-se um recuo marginal, para 2.9% YoY, ou 3.2% a nível core, valores ainda elevados. Os receios sobre o crescimento da economia americana traduzem-se também num alargamento dos spreads dos credit default swaps, para máximos de Ago’24, no segmento investment grade.
- O euro avança na manhã desta terça-feira, depois de a líder dos Verdes na Alemanha ter manifestado disponibilidade para negociar um incremento da despesa em Defesa com o futuro Chanceler Friedrich Merz. Reconhecendo a difícil situação da Ucrânia e a necessidade de incrementar os gastos com a Defesa, a líder dos Verdes espera alcançar um acordo quanto a este tema até ao fim desta semana. Estas declarações, que abrem a porta a uma resolução do impasse quanto ao forte incremento da despesa em Defesa e infraestruturas, estão a levar a cotação EUR/USD a superar o patamar de 1.09 e a uma subida ligeira das yields da dívida alemã (para 2.86% a 10 anos).
- A sessão de ontem ficou marcada por perdas acentuadas dos índices de referência norte-americanos, lideradas pelo sector tecnológico. O S&P 500 perdeu 2.7% e o Nasdaq caiu 4%. Os receios de recessão na economia dos EUA estão na base deste movimento de sell-off, tendo a maior aversão ao risco conduzido a um refúgio na dívida pública norte-americana, que viu as respectivas yields recuarem de forma clara. A taxa do Treasury a 10 anos desceu 8 bps na 2ª feira, recuando esta manhã mais 3 bps.
- A aversão ao risco foi agravada pelas intervenções mais recentes do Presidente Trump e do Secretário do Tesouro Scott Bessent, sugerindo que tolerarão um abrandamento da actividade no curto prazo. Trump afirmou que a economia americana enfrenta “um período de transição”, quando questionado acerca do risco de recessão, enquanto Bessent defendeu que poderá haver “um período de desintoxicação” da economia e dos mercados, demasiado dependentes da despesa pública, na sua opinião.
- A inflação medida pelos preços no consumidor recuou, na China, em Fev, para -0.7% YoY (+0.5% YoY em Jan), um registo abaixo do esperado. Os preços na produção caíram 2.2% YoY. Mantém-se, assim, a pressão deflacionista na economia chinesa. Na Alemanha, as exportações recuaram 2.5% MoM em Jan (-0.1% YoY), sobretudo com a queda das vendas dentro da Zona Euro. Os principais índices accionistas europeus oscilavam esta manhã entre ganhos e perdas marginais, reflectindo preocupações com o crescimento. As yields do Treasury e Bund a 10Y recuavam 5 e 3 bps, respectivamente, e o euro depreciava 0.1%. Já a yield do JGBs subia para 1.6% (máximos de 16 anos), com a expectativa de novas subidas de juros pelo BoJ.
- Esta semana, deverá ser conhecido um recuo da inflação nos EUA, em Fevereiro, de 3% para 2.9% YoY, ou de 3.3% para 3.2% a nível core, mantendo, nos mercados, a percepção de persistência do crescimento dos preços. Neste contexto, o indicador de confiança dos consumidores apurado pela Universidade de Michigan terá voltado a recuar no início de Março. A confirmar-se, esta evolução tenderia a reforçar o cenário de deterioração do outlook de curto prazo para a economia dos EUA. Uma nota para a expectativa de crescimento mensal nulo do PIB do Reino Unido, em Janeiro (vs. 0.4% MoM em Dez’24). Também em Janeiro, a produção industrial terá recuado na Zona Euro.
- A China coloca hoje em vigor as tarifas de 15% sobre um conjunto de importações de bens agrícolas oriundas dos EUA, em retaliação às tarifas impostas pelos EUA que, na semana passada, foram reforçadas em 10%. Por seu lado, os EUA deverão introduzir, na 4ª feira, novas tarifas sobre as importações de aço e alumínio. Ainda a nível político, merece atenção uma nova deadline para um Government shutdown nos EUA. O Speaker da Câmara dos Representantes apresentou, no fim-de-semana, uma proposta de legislação que prolongaria o financiamento do Governo até final de Setembro, mas não é, ainda, claro que a liderança Republicana tenha os votos necessários para a sua aprovação.
- A manhã desta 6ª feira está a ser marcada por desvalorizações generalizadas dos mercados accionistas globais, depois de ontem os índices de referência dos EUA terem sofrido perdas expressivas. A incerteza geopolítica e sinais pouco claros ou contraditórios quanto à política de tarifas da Administração norte-americana estão a pesar sobre o sentimento dos investidores, levando também a um acréscimo dos níveis de volatilidade. O Presidente Trump anunciou ontem a suspensão (até 2 de Abril) da tarifa de 25% sobre as importações do México e do Canadá, dois dias depois da sua introdução. O dólar recua em termos efectivos; a cotação EUR/USD situa-se em 1.085.
- O BCE anunciou ontem a 6ª descida consecutiva das taxas de juro de referência em 25 bps, situando-se agora a taxa da facilidade de depósito em 2.50%, como amplamente antecipado. Contudo, o BCE alterou a linguagem do seu comunicado, considerando agora a sua política como “consideravelmente menos restritiva” em vez de apenas restritiva. Christine Lagarde sublinhou o elevadíssimo (e crescente) nível de incerteza em torno do outlook para a economia da Zona Euro. A alteração de linguagem do comunicado acima referida abre a porta ao debate acerca do timing de um próximo corte e levou o mercado a reduzir a probabilidade atribuída a nova descida na reunião de 17 de Abril (para 63%), movimento que continuamos a antecipar.
- Merece destaque hoje a divulgação dos dados para o mercado de trabalho dos EUA em Fevereiro. É esperada uma criação de cerca de 163 mil postos de trabalho, ligeiramente superior à do mês anterior, antecipando-se a estabilização da taxa de desemprego em 4% e do crescimento da remuneração média horária em 4.1% YoY.
- A manhã desta 5ª feira volta a ser caracterizada pelos movimentos que marcaram a sessão de ontem: uma valorização generalizada dos mercados accionistas e a subida das yields da dívida alemã e das restantes economias da Zona Euro. A subida de ontem das taxas da dívida alemã foi a mais acentuada em termos diários desde 1990, tendo a yield a 10 anos aumentado 30 bps. Esta manhã, a taxa sobe mais 14 bps, tendo atingido já 2.93%, nível mais elevado desde Outubro de 2023. Esta evolução segue-se ao anúncio de um plano maciço de investimento em defesa e em infraestruturas. O euro prolonga a expressiva apreciação diária ontem registada, situando-se a valores superiores a EUR/USD 1.080.
- A sessão de hoje deverá ser dominada pela reunião de política monetária do BCE, num momento em que o mercado reduziu de forma expressiva as expectativas de descidas adicionais dos juros de referência para a Zona Euro ao longo dos próximos meses. Para a reunião de hoje aguarda-se a descida da taxa da facilidade de depósito para 2.50%. Será particularmente relevante o novo conjunto de projecções macroeconómicas da instituição e qualquer alteração da linguagem face a reuniões anteriores.
- A evolução positiva dos mercados accionistas eflecte não só a valorização do sector da defesa, mas também a reacção favorável ao anúncio, pelo Presidente Trump, de que as importações de automóveis do Canadá e do México ficarão para já isentas (por um mês) das tarifas de 25% agora impostas às importações daqueles dois países. Esta decisão está a beneficiar também o sector automóvel europeu.
- Os índices accionistas europeus registavam fortes ganhos esta manhã (+3% no DAX), reflectindo: (i) declarações do Secretário do Comércio dos EUA, afirmando que as tarifas de 25% sobre as importações oriundas do Canadá e do México poderão vir a ser atenuadas; (ii) a intervenção de Trump no Congresso nos EUA, sugerindo a aproximação a um acordo com a Ucrânia e a Rússia; e (iii) last but not least, os anúncios de que a Alemanha criará um fundo de EUR 500 mil milhões para investimentos em infraestruturas e de que a despesa alemã em Defesa acima de 1% do PIB não estará sujeita aos limites orçamentais da Constituição. A yield do Bund a 10 anos subia esta manhã em torno de 20 bps, para perto de 2.7%, e o euro apreciava 0.8% face ao dólar, para EUR/USD 1.07.
- Ontem, os receios de uma guerra comercial mais aberta (entrada em vigor das tarifas sobre as importações americanas do Canadá e México), as preocupações com o crescimento da economia americana e o ambiente de elevada incerteza geopolítica (suspensão do apoio militar dos EUA à Ucrânia), resultaram num ambiente de forte aversão ao risco. Na Europa, a Presidente da CE, Ursula Von der Leyen, anunciou um programa de reforço da despesa da UE em Defesa, incluindo EUR 150 mil milhões em empréstimos e a possibilidade de a despesa adicional dos Estados-membros neste sector não ser incluída nas regras da estabilidade orçamental (um aumento médio de 1.5% do PIB nos próximos 4 anos corresponderia a um esforço de EUR 650 mil milhões).
- Na 2ª feira, foi divulgado um recuo maior que esperado do ISM Manufacturing nos EUA, sugerindo uma quase estagnação da actividade industrial, com quedas nas novas encomendas e no emprego, mas com uma aceleração dos preços dos inputs. As yields dos Treasuries recuam (o mercado antecipa já três cortes dos juros de referência pelo Fed em 2025) e o dólar deprecia 2.5% em termos efectivos esta semana, sugerindo o aumento dos receios sobre o crescimento.
- A manhã desta 2ª feira está a ser caracterizada por uma valorização dos mercados accionistas europeus, com destaque para o sector da Defesa, depois de alguns dos principais líderes europeus terem assumido o compromisso de apoiar a Ucrânia e de incrementar o investimento da UE na Defesa e Segurança. A S&P subiu o rating soberano de Portugal para A, com outlook positivo, citando a perspectiva de crescimentos do PIB acima da média europeia, de excedentes nas contas públicas e externas e de redução da dívida pública para 84% do PIB até 2028.
- Esta semana, as atenções estarão centradas na possível entrada em vigor das tarifas de 25% sobre as importações americanas oriundas do México e Canadá. A criação de emprego na economia americana terá subido em Fevereiro, de 143 mil para cerca de 158 mil, e a taxa de desemprego ter-se-á mantido estável em 4% da população activa. Os ISMs de Fevereiro devem sinalizar uma relativa estabilização do crescimento da actividade na indústria e serviços. No seu conjunto, estes indicadores não deverão alterar a postura de wait and see do Fed.
- Na 5ª feira, o BCE deverá voltar a cortar os juros de referência em 25 bps, deixando a taxa da facilidade de depósito em 2.5%. Merecem especial atenção a actualização das projecções económicas e, sobretudo, a manutenção (ou não) de um easing bias. Os indicadores mais recentes sugerem a continuação de um crescimento anémico da actividade e uma desaceleração dos salários na Zona Euro. Contudo, algumas vozes dentro do BCE (e.g. Isabel Schnabel, Joachim Nagel) defenderam na última semana uma maior cautela – e uma eventual pausa – na descida dos juros de referência. Mantemos a expectativa de cortes adicionais das taxas directoras este ano.
Fevereiro 2025
- A deterioração do sentimento dos investidores devido aos receios do impacto negativo das tarifas que a Administração Trump imporá sobre as importações dos EUA acentuou-se de forma evidente na sessão de ontem, prolongando-se esta manhã. O Presidente Trump anunciou ontem que as tarifas de 25% sobre as importações do México e do Canadá entrarão em vigor já a 4 de Março (próxima terça-feira), e que a tarifa sobre as importações da China será agravada em 10% (após o aumento de igual dimensão já em vigor), com o argumento de que não tem havido progressos no controlo de fluxos de droga.
- As preocupações dos investidores residem no potencial impacto da elevação de tarifas sobre as importações no crescimento económico e na inflação dos EUA, num momento em que são cada vez mais visíveis os sinais de receios também da parte dos consumidores. Crescem também os riscos de recessão nas economias do México e do Canadá. Na China, as autoridades ameaçaram já uma retaliação “com todas as medidas necessárias”, aumentando assim o risco de concretização de uma guerra comercial.
- A aversão ao risco está a ser patente também na valorização da dívida norte-americana e na descida das respectivas yields. A estimativa de inflação de Fevereiro em França, conhecida já hoje, aponta para uma descida da taxa homóloga de 1.7% para 0.8%, mais acentuada que o esperado. A estimativa para a Alemanha será divulgada esta tarde e para o conjunto dos Vinte na 2ª feira. Nos EUA será conhecida hoje a evolução do deflator core das despesas de consumo pessoal em Janeiro e o Presidente Trump reunir-se-á com o Presidente da Ucrânia acerca do acordo em torno dos recursos naturais deste país.
- A manhã desta 5ª feira está a ser marcada por perdas generalizadas dos mercados accionistas europeus, com o sentimento dos investidores a ser penalizado por um conjunto de factores. O Presidente Trump anunciou que a sua Administração imporá tarifas de 25% sobre as importações da União Europeia. A Casa Branca esclareceu, já depois da intervenção de Trump, que não está ainda decidido se irão abranger todos os bens e sectores ou apenas alguns (como por exemplo automóveis).
- Os resultados apresentados ontem pela Nvidia para o 4º trimestre foram ligeiramente superiores às expectativas, mas não de forma exuberante. Por seu turno, o outlook para o 1º trimestre de 2025 revelou-se misto, com o crescimento de receitas mais forte que o esperado a ser compensado por um decréscimo da margem de lucro. Neste contexto, não se gerou um efeito surpresa semelhante ao de outros trimestres. A pesar também negativamente sobre o sentimento dos investidores, em particular no sector farmacêutico, está o cancelamento pelo Presidente Trump de uma reunião agendada com o conselho consultivo da FDA para as vacinas.
- O comportamento desta manhã contrasta de forma evidente com o forte desempenho das acções europeias na sessão de ontem, com a notícia de que a Ucrânia terá chegado a acordo com os EUA quanto ao desenvolvimento dos seus recursos naturais, visto como um sinal de possível aproximação ao fim da guerra. A taxa do Treasury a 10 anos atingiu ontem o nível mais baixo desde 10 de Dezembro (4.24%). Os receios de desaceleração da economia dos EUA levaram o mercado a passar a antecipar na totalidade 2 cortes de 25 bps dos juros de referência do Fed até ao final do ano.
- Depois de, ontem, a sessão ter sido marcada por quedas nos índices accionistas americanos, reflectindo receios sobre o crescimento e a inflação na economia dos EUA, esta manhã os principais índices europeus registavam ganhos (+0.8% no DAX), beneficiando da divulgação de alguns resultados de empresas positivos, do acordo entre os EUA e a Ucrânia sobre a exploração de recursos naturais neste país (visto como um sinal de possível aproximação ao fim da guerra) e da valorização de 3.6% no cobre (levando a ganhos das empresas com exposição ao metal). O dólar e as yields dos Treasuries seguiam relativamente estabilizados, após as fortes quedas ontem registadas.
- O indicador de confiança dos consumidores americanos apurado pelo Conference Board recuou em Fevereiro mais que o esperado (a maior queda mensal desde Agosto de 2021). A componente de expectativas recuou para um nível habitualmente visto como consistente com uma recessão. Para além de uma visão mais pessimista dos consumidores sobre as condições no mercado de trabalho, merece especial destaque o aumento das expectativas de inflação a 12 meses, de 5.2% para 6%. Na sequência deste indicador, o mercado passou a antecipar totalmente dois cortes dos juros de referência pelo Fed em 2025, vs. apenas um corte anteriormente.
- Na Zona Euro, os salários negociados desaceleraram no 4Q’24, de 5.43% para 4.12% YoY. E um survey do BCE indicou que as empresas da Zona Euro esperam um recuo do crescimento dos salários em 2025 e 2026, para 3.6% e 2.7%, respectivamente, após 4.3% em 2024. Apesar disso, alguns responsáveis do BCE têm passado uma mensagem mais cautelosa. Isabel Schnabel, do Conselho de Governadores, afirmou que, não sendo já possível afirmar com confiança que a política monetária na Zona Euro é restritiva, o BCE deverá ser mais cauteloso a decidir futuras descidas dos juros. Joachim Nagel, do Bundesbank, defendeu que o BCE deve agir “passo a passo” e evitar precipitações na descida dos juros.
- A manhã desta terça-feira está a ser marcada por uma desvalorização generalizada dos mercados accionistas a nível global, mais intensa na Ásia. O sentimento dos investidores está a ser penalizado pela intenção da Administração Trump de restringir os investimentos entre os EUA e a China, que, em conjunto com a imposição de tarifas sofre as importações norte-americanas, deverão ter um impacto negativo sobre o crescimento económico global. A actual Administração pretende dar novos passos para dificultar o avanço tecnológico da China, depois de já a Administração Biden ter tomado medidas nesse sentido.
- Por outro lado, o Presidente Trump anunciou que as tarifas sobre as importações do México e do Canadá, que tinham sido suspensas por um mês dado o compromisso destes dois países em reforçar o controlo das respectivas fronteiras com os EUA, irão mesmo começar a ser aplicadas. A incerteza sobre a actuação de Trump tem conduzido ao refúgio no ouro, que permanece próximo do máximo histórico atingido ontem (USD 2956/onça). O iene aprecia (USD/JPY 149.5), beneficiando do seu estatuto de activo de refúgio.
- O aumento da aversão ao risco está a ser patente também num movimento de descida das yields da dívida norte-americana. As taxas dos Treasuries a 2 e a 10 anos recuam, assim, para 4.13% e 4.35%, neste caso os níveis mais baixos dos últimos 2 meses. Os preços do petróleo sobem hoje, depois de os EUA terem anunciado novas sanções sobre entidades relacionadas com as exportações de petróleo iraniano. Será esta tarde conhecido nos EUA o índice de confiança dos consumidores apurado pelo Conference Board para Fevereiro.
- A CDU/CSU venceu as eleições na Alemanha, com 28.5% dos votos, seguida pela AfD (direita nacionalista, que duplicou a votação, para 20.6%), SPD (16.4%), Verdes (11.6%) e Die Linke (Esquerda socialista, 8.8%). Friedrich Merz, o próximo Chanceler, anunciou o objectivo de negociar uma coligação de Governo nos próximos 2 meses. O cenário mais provável será uma coligação CDU-SPD, uma solução vista como mais estável e favorecida pelo mercado. Merz defende como prioridade a “união da Europa” e o fortalecimento da sua Defesa (incluindo a manutenção ou reforço do apoio à Ucrânia). O mercado espera também reformas com vista a ganhos de produtividade e competitividade da economia alemã. O euro apreciava esta manhã 0.2%, para EUR/USD 1.0486.
- Na Zona Euro, deverá ser hoje confirmada a subida da inflação em Jan, de 2.4% para 2.5% YoY (core estável em 2.7%). Esta semana, as primeiras estimativas para a inflação de Fev serão divulgadas na Alemanha (estável em 2.3% YoY), França (descida para 1.2%-1.4%) e Espanha (subida para 3%). Ainda na Zona Euro, merecem atenção o crescimento dos salários negociados no 4Q’24 (espera-se desaceleração) e uma intervenção de Isabel Schnabel (do Conselho de Governadores do BCE), que pode voltar a defender uma pausa na descida dos juros de referência. A Comissão Europeia divulga, no final da semana, as Previsões de Inverno.
- Nos EUA, estimam-se, para Jan, desacelerações das despesas de consumo pessoal e do deflator core das despesas de consumo (neste caso para 2.6%-2.7% YoY). A confiança dos consumidores (medida pelo Conference Board) terá recuado em Fev. Ao nível político, merecem atenção as reuniões de Donald Trump com o Presidente francês Macron e com o PM britânico Starmer, em Washington. Na China, os PMIs de Fev deverão apontar para uma pequena recuperação da actividade.
- Os principais mercados accionistas europeus e asiáticos apresentam ganhos na manhã desta 6ª feira. O anúncio de fortes resultados pela chinesa Alibaba está a contribuir para uma melhoria do sentimento dos investidores, e para um recuo da aversão ao risco. Neste contexto, o ouro perde ligeiramente esta 6ª feira, depois de ter ontem ascendido a um novo máximo de USD 2954/onça. Os mercados permanecem, contudo, atentos à elevada tensão geopolítica, em particular no que respeita à guerra na Ucrânia e às tarifas norte-americanas sobre as importações.
- Na Zona Euro, os índices PMI conhecidos esta manhã sinalizam uma desaceleração inesperada da actividade nos serviços no mês de Fevereiro, com o respectivo índice a recuar de 51.3 para 50.7 pontos. A actividade da indústria terá permanecido em queda, embora menos intensa que o esperado. O índice PMI compósito manteve-se inalterado face a Janeiro (50.2), desempenho aquém do esperado e que sublinha a fragilidade da actividade económica da Zona Euro.
- Após a divulgação dos índices PMI, o euro recua ligeiramente, para EUR/USD 1.047. As yields da dívida das economias da Zona Euro e dos EUA descem esta manhã, prosseguindo o movimento de ontem. As taxas dos Treasuries a 2 e a 10 anos recuam para 4.26% e 4.49%, enquanto as yields da dívida alemã para as mesmas maturidades descem para 2.12% e 2.50%. Merece destaque a realização de eleições na Alemanha no Domingo, a que os mercados estarão particularmente atentos.
- Os mercados accionistas europeus apresentam ganhos moderados na manhã desta 5ª feira, recuperando parcialmente da desvalorização sofrida ontem. O sentimento dos investidores deteriorou-se ontem depois de o Presidente Trump ter formulado novas ameaças de imposição de tarifas de 25% sobre as importações norte-americanas de automóveis, chips e medicamentos em Abril, podendo vir a ser agravadas no futuro. Nos EUA, o S&P 500 encerrou a sessão num novo máximo, tendo ganho 0.2%.
- O ouro ascendeu já esta 5ª feira a um novo máximo de USD 2947/onça, com as tensões geopolíticas a impulsionar a sua procura. As últimas declarações do Presidente Trump, criticando o Presidente da Ucrânia, aumentaram o nervosismo dos mercados quanto ao evoluir das negociações em curso entre os EUA e a Rússia em relação àquele conflito. O iene avança também, com especulação sobre o aumento da inflação no Japão, que poderá levar o Banco Central a anunciar uma nova subida dos juros de referência.
- As minutas da reunião do Fed do final de Janeiro, em que a autoridade monetária decidiu manter o target para a taxa fed funds inalterado em 4.25%-4.50%, revelaram que, desde que o mercado de trabalho continue a apresentar-se robusto, os membros do FOMC pretendem ver novos progressos na descida da inflação antes de ponderar uma nova descida dos juros de referência. Na sessão desta 5ª feira merece destaque a divulgação, nos EUA, dos novos pedidos de subsídio de desemprego na última semana e do índice Philadelphia Fed respeitante a Fevereiro.
- A inflação do Reino Unido subiu, em Janeiro, de 2.5% para 3% YoY, acima do esperado, com os preços dos serviço a aumentarem 5% YoY. A inflação core subiu de 3.2% para 3.7% YoY. O BoE tinha já projectado uma subida da inflação até ao último trimestre deste ano. Mas os números agora divulgados suportam a ideia de alguma persistência de pressões inflacionistas nas principais economias, que se poderão traduzir num quadro de juros elevados por mais tempo. O FTSE 100 oscilava, ao início da manhã, entre pequenos ganhos e perdas, acompanhando o tom misto da maioria dos índices accionistas europeus. A yield dos Gilts a 10 anos subia 5 bps, para 4.61%, vs. aumentos de 1-2 bps no Treasury e Bund, na mesma maturidade. A libra seguia relativamente estabilizada face ao dólar e ao euro.
- Ontem, o Presidente Trump afirmou ser provável a introdução de tarifas em torno de 25% sobre as importações americanas de automóveis, de semicondutores e de produtos farmacêuticos, a partir do dia 2 de Abril. Logo a seguir, no entanto, Trump afirmou que pretende “dar tempo” aos parceiros comerciais dos EUA para evitarem estas tarifas, transferindo as suas unidades produtivas para a economia americana. Estas afirmações parecem suportar a expectativa de que, para a Administração Trump, as tarifas são utilizadas, sobretudo, como uma ferramenta negocial. Isto justificará a crescente imunidade dos mercados a estes anúncios.
- Na Alemanha, o indicador de sentimento económico ZEW melhorou, em Fevereiro, mais que o esperado (maior subida mensal desde Janeiro de 2023). Para esta evolução terá contribuído a expectativa de que o próximo Governo alemão – a sair das eleições de Domingo, 23 – adoptará uma postura market friendly e estimuladora da procura interna. O mercado continua também a reagir de forma favorável aos contactos entre os EUA e a Rússia, vendo-os como sinal de uma aproximação ao fim da guerra na Ucrânia. E, embora persistam muitas dúvidas e receios sobre o que o entendimento EUA-Rússia possa implicar para a UE, as acções europeias têm beneficiado, em particular no sector da Defesa.
- As yields da dívida pública das principais economias da Zona Euro prosseguem o movimento de subida já ontem observado, a que corresponde uma desvalorização dos respectivos títulos. A expectativa de que os países europeus terão de incrementar o investimento e a despesa pública em Defesa está na base deste movimento. A subida de taxas é mais acentuada em prazos mais longos, o que conduz a um aumento da inclinação da curva de rendimentos. Numa reunião promovida pelo Presidente francês, os líderes europeus presentes acordaram apresentar um conjunto de medidas na área da Defesa antes do Conselho Europeu de 20 e 21 de Março. Representantes dos EUA e da Rússia reúnem-se hoje na Arábia Saudita visando preparar um processo negocial que ponha termo à guerra na Ucrânia, que deverá culminar com um encontro dos dois Presidentes.
- A perspectiva de maior investimento em Defesa na Europa impulsionou ontem as acções das empresas do sector, liderando os ganhos dos mercados accionistas europeus. Os índices DAX e Euro Stoxx 600 renovaram ontem os respectivos máximos históricos, recuando hoje marginalmente. Depois de ontem os mercados norte-americanos terem estado encerrados, as yields dos Treasuries sobem também esta terça-feira, para 4.27% e 4.51% a 2 e a 10 anos, respectivamente.
- O dólar aprecia esta manhã em termos efectivos, recuperando parcialmente do recuo das últimas sessões. A cotação do euro situa-se, assim, em EUR/USD 1.046. A libra avança face ao euro, para EUR/GBP 0.829, depois de ter sido conhecida esta manhã uma expressiva aceleração dos salários no Reino Unido no 4º trimestre de 2024 (de 5.5% para 6% YoY), levantando questões quanto à expectativa de novas descidas dos juros de Inglaterra nos próximos meses.
- As yields da dívida pública a 10 anos das principais economias da Zona Euro subiam, esta manhã, em torno de 5-6 bps (para 2.49% no caso do Bund), ou perto de 10 bps no caso do Reino Unido (para 4.61%). A evolução reflectia a expectativa de que a despesa pública em Defesa dos países europeus será pressionada em alta no futuro próximo (i.e. mais necessidades de financiamento e mais emissões de dívida). Os líderes dos principais países europeus discutem hoje, em Paris, uma estratégia de Defesa comum, em reacção aos sinais de que os EUA se preparam para negociar, com a Rússia, o fim da guerra na Ucrânia em termos desfavoráveis para a própria Ucrânia e para a Europa. Os principais índices accionistas europeus oscilavam, esta manhã, entre pequenos ganhos e perdas.
- Esta semana, na Zona Euro, o PMI Manufacturing deverá continuar a descrever uma actividade industrial em contracção, ainda que menos acentuada. O indicador relativo aos serviços deverá apontar para um crescimento relativamente estabilizado da actividade no sector. No Reino Unido, espera-se a divulgação de uma aceleração dos preços no consumidor, em Janeiro, para 2.8% YoY, ou para 3.7% YoY a nível core. No Japão, estima-se uma subida da inflação, no mesmo mês, de 3.6% para 4% YoY. Já esta 2ª feira, foi conhecido um crescimento do PIB da economia japonesa, no 4Q 2024, de 0.7% QoQ, vs. 0.4% no 3Q, acima do esperado. Na 4ª feira, o Fed divulga as minutas da última reunião de política monetária, que deverão reforçar a ideia de um Fed em pausa e sem pressa de descer os juros.
- No Domingo 23 Fev, terão lugar as eleições legislativas na Alemanha. As sondagens apontam para uma vitória da CDU-CSU, que deverá negociar uma coligação a dois ou a três (com SPD, Verdes e/ou FDP). Uma votação mais expressiva da AfD (direita nacionalista e populista) poderia dificultar uma solução de Governo estável. No período pós-eleições, o mercado procurará sinais de alteração da postura orçamental da Alemanha (mais expansionista?); de reformas estruturais (e.g. alívio da carga regulatória) e de mobilização de uma resposta da UE às pressões da Rússia e dos EUA. Recorde-se que a economia alemã contraiu 0.3% em 2023 e 0.2% em 2024.
- A sessão de ontem ficou marcada por uma expressiva valorização dos mercados accionistas europeus e norte-americanos e também da dívida pública na Europa e EUA (com descida das yields), observando-se na manhã desta 6ª feira variações mais contidas. A impulsionar o sentimento dos investidores na sessão de ontem estiveram as conversas telefónicas que Donald Trump teve na 4ª feira com Putin, por um lado, e com Zelensky, por outro. A possibilidade de estas conversas terem marcado o início de um processo negocial que conduza a um cessar-fogo ou mesmo ao final do conflito militar na Ucrânia animou os investidores.
- O Presidente Trump anunciou que os EUA vão avançar com a imposição de tarifas recíprocas, mas não para já. A Administração norte-americana procederá antes a um estudo e análise de todas as taxas e barreiras comerciais aplicadas pelos seus parceiros, com o objectivo de serem aplicadas medidas específicas para cada país que reequilibrem as relações comerciais dos EUA com cada parceiro “em condições justas”. O mercado viu neste passo uma nova utilização das tarifas como arma negocial da Administração Trump, com possibilidade de virem a ser objecto de negociação, afastando-se de um cenário de uma guerra comercial mais agressiva. Este facto foi particularmente bem recebido pelos mercados accionistas. Por seu turno, o dólar recuou, situando-se a cotação do euro em EUR/USD 1.048.
- Nos EUA, os preços no produtor tiveram em Janeiro uma evolução mais desfavorável que o esperado. No entanto, as suas rubricas que entram no cálculo do deflator core das despesas de consumo pessoal, medida de inflação mais acompanhada pelo Fed, apontam para uma desaceleração em termos homólogos. No mercado de trabalho, os novos pedidos de subsídio de desemprego caíram na última semana de 220 para 213 mil.
- As bolsas europeias apresentam esta 5ª feira ganhos generalizados, prolongando o movimento de valorização das últimas sessões. O sentimento dos investidores está a ser visivelmente favorecido pelo telefonema que decorreu ontem entre os Presidentes dos EUA e da Rússia (a que se seguiu um outro entre os Presidentes dos EUA e da Ucrânia), gerando optimismo quanto a um processo negocial que possa vir a conduzir ao fim do conflito militar na Ucrânia.
- O PIB do Reino Unido cresceu 0.1% QoQ no 4º trimestre de 2024, o que contrasta com a expectativa de uma ligeira quebra, e sucede a uma estagnação no trimestre anterior. No conjunto do ano de 2024, o crescimento da economia britânica foi de 0.9%, antecipando o Banco de Inglaterra uma expansão de apenas 0.7% em 2025, de acordo com a previsão conhecida na passada semana. A libra aprecia esta manhã, para GBP/USD 1.248 e EUR/GBP 0.834.
- Nos EUA, os preços no consumidor subiram 0.5% MoM em Janeiro, a maior subida mensal dos preços desde Agosto de 2023. Esta aceleração ficou também patente numa subida inesperada da taxa de inflação homóloga, de 2.9% para 3%. Também ao nível core se observou uma evolução dos preços mais desfavorável que o esperado e que no mês anterior. Esta evolução mais desfavorável dos preços gerou receios de uma possível reversão da trajectória recente de descida de inflação, levando a uma subida das yields da dívida e a um reforço da expectativa de que o Fed manterá uma postura de wait and see, num contexto de condições de mercado de trabalho que continuam a ser robustas.
- Os principais índices accionistas europeus evoluíam esta manhã com ganhos ligeiros (+0.2% no Euro Stoxx 600, para novos máximos), após uma sessão positiva na Ásia, reflectindo notícias favoráveis na earnings season (e.g. resultados positivos da Heineken). O mercado parece continuar a desenvolver alguma insensibilidade à retórica proteccionista crescente nas principais economias. A yield do Treasury a 10 anos prolongava a subida observada ontem, aproximando-se dos 4.55%, com a perspectiva de juros elevados por mais tempo nos EUA. A rendibilidade do JGB a 10 anos atingiu máximos de 14 anos, acima de 1.34%, com comentários hawkish de responsáveis do BoJ.
- Ontem, no seu testemunho semestral ao Comité de Banca do Senado dos EUA, o Chair Jerome Powell reafirmou que o Fed não tem pressa em voltar a reduzir os juros de referência. A economia e o mercado de trabalho americanos foram descritos como “fortes”, e a inflação como “algo elevada”. O Fed considera que a política monetária é agora “significativamente menos restritiva” do que antes, pelo que não há necessidade de ajustar o nível dos juros. Antes, a Presidente do Fed de Cleveland, Beth Hammack, tinha referido que a paciência do Fed era justificada pela incerteza em torno da descida da inflação para os 2% e em torno das políticas económicas de Trump. Neste sentido, Hammack defendeu uma “abordagem Jerry McGuire” à descida dos juros de referência: “Show me the low inflation”.
- Hoje será conhecida a evolução dos preços no consumo nos EUA, estimando-se que a inflação terá estabilizado em Janeiro na economia americana, em 2.9% YoY, com o registo core a recuar apenas marginalmente, para 3.1% YoY. Não serão ainda sinais de uma inflação baixa. Ontem, Powell foi ainda obrigado a lidar com temas políticos, incluindo as tarifas (“não cabe ao Fed comentar”), os riscos de excessiva desregulamentação e o debanking (negação de serviços bancários por critérios possivelmente políticos).
- Os mercados accionistas europeus exibem pequenos ganhos esta manhã, depois de a sessão de ontem ter sido caracterizada por valorizações generalizadas. Assim, o sentimento dos investidores parece não ter sido significativamente afectado pelo anúncio da aplicação de tarifas de 25% sobre as importações norte-americanas de aço e alumínio e de artigos finais com estes metais, a partir de 12 de Março. Uma vez que ainda falta cerca de um mês para a introdução da medida, o mercado especula sobre a possibilidade de se tratar apenas de uma ameaça que poderia ainda não vir a ser concretizada.
- Na Ásia, a evolução dos mercados accionistas foi mais desfavorável, enquanto o ouro volta a ascender esta terça-feira a novos máximos (USD 2942/onça), dada a elevada incerteza actual e os receios de que acções de retaliação por parte de outros países venham a determinar um escalar de uma guerra comercial. A este respeito, refira-se que a UE irá responder a qualquer aumento das tarifas dos EUA sobre as suas importações, de acordo com o comunicado da Presidente da Comissão Europeia já hoje publicado. Desde o início do ano, a valorização do ouro ascende a 11%. Também o dólar está a avançar em termos efectivos.
- Os mercados aguardam com expectativa a intervenção de Jerome Powell, Chair do Fed, esta tarde e amanhã perante o Senado e a Câmara dos Representantes, respectivamente, bem como a divulgação (4ª feira) dos dados de inflação de Janeiro na economia americana. Para já, o mercado mantém a expectativa de que o Fed manterá inalterada a taxa de juro de referência nas próximas reuniões, antecipando um novo corte na 2ª metade do ano.
- O Presidente Trump anunciou a introdução de tarifas de 25% sobre as importações americanas de aço e alumínio, a entrar em vigor esta 2ª feira. Afirmou ainda que, muito em breve, anunciaria novas “tarifas recíprocas” sobre os parceiros comerciais dos EUA. Hoje, entram em vigor as tarifas impostas pela China em retaliação à tarifa adicional de 10% anunciada na semana passada por Trump. O dólar reagia em alta ao cenário de novas tarifas dos EUA, apreciando 0.2% em termos efectivos. Os índices accionistas europeus e os futuros dos índices americanos abriram a semana com ganhos (sugerindo alguma insensibilidade ao tema das tarifas, sendo este o 3º fim-de-semana consecutivo com anúncios de tarifas de 25% por parte de Trump). Ainda assim, o ouro atingiu novos máximos (+1.2%, para USD/onça 2921).
- Esta semana, deverá ser divulgada uma estabilização da inflação, em Jan, nos EUA, em 2.9% YoY. A nível core, os preços terão desacelerado de 3.2% para 3.1% YoY. O mercado estará atento às intervenções do Chair do Fed no Congresso dos EUA. Powell deverá reafirmar a postura cautelosa do Fed no que respeita a novos cortes dos juros. Hoje, será Lagarde a intervir no Parlamento Europeu, prestando contas sobre a política monetária do BCE. No Reino Unido, espera-se (na 5ª feira) a divulgação de um recuo de 0.1% QoQ no PIB no 4Q’24.
- Na China, a inflação medida pelo IPC subiu de 0.1% para 0.5% YoY em Janeiro, enquanto a inflação medida pelos preços no produtor manteve a queda homóloga de 2.3% YoY. Na earnings season, o sector do consumo estará em foco esta semana (e.g. McDonald’s, Coca-Cola, Hermès, Unilever, Nestlé). A nível geopolítico, nota para a Conferência de Segurança em Munique, com desenvolvimentos sobre a questão da Ucrânia.
- Os mercados accionistas europeus apresentam variações ligeiras esta manhã, depois de ganhos expressivos na sessão de ontem. De facto, com o avanço de 1.2% ontem registado, o índice Euro Stoxx 600 valoriza mais de 7% desde o início de 2025, mais do dobro do avanço do S&P 500, e atingiu um novo máximo histórico. Merece destaque, ontem, a recuperação do índice CAC 40 para níveis já superiores a 7 de Junho, dia em que o Presidente Macron convocou eleições antecipadas de forma surpreendente, o que levou a um sell-off dos activos franceses. A sessão de hoje deverá ser dominada pela divulgação dos dados referentes ao mercado de trabalho dos EUA em Janeiro.
- Na Alemanha, a produção industrial sofreu em Dezembro uma quebra muito mais acentuada que o esperado, tendo caído 2.4% face ao mês anterior e 3.1% em termos homólogos. Já as exportações alemãs tiveram um crescimento mais forte que o esperado, de 2.9% em Dezembro face ao mês anterior. O excedente comercial da Alemanha face aos EUA alcançou um novo máximo histórico em 2024.
- Tal como antecipado, o Banco de Inglaterra anunciou ontem uma nova descida da Bank rate de 25 bps, para 4.5%. Tendo elevado as previsões para a inflação no Reino Unido, o tom do discurso da autoridade monetária foi tendencialmente dovish, enfatizando os riscos negativos ao crescimento. Neste contexto, a libra recuou e o mercado antecipa uma nova descida dos juros em Maio.
- Os mercados accionistas europeus e asiáticos apresentam na sua maioria ganhos ligeiros esta 5ª feira. Na ausência de notícias no plano da política de tarifas dos EUA, o sentimento dos investidores está a ser favorecido por declarações de Scott Bessent. O novo Secretário norte-americano do Tesouro, afirmou que o foco da Administração Trump está na descida da yield do Treasury a 10 anos, e não na redução da taxa de juro de referência. Na Alemanha, as encomendas dirigidas à indústria tiveram um forte crescimento de 6.9% em Dezembro face ao mês anterior. No plano da earnings season, destaque para os bons resultados da Société Générale.
- Nos EUA, o índice ISM Serviços caiu em Janeiro de 54 para 52.8 pontos, um desempenho mais desfavorável que o esperado e que sugere um abrandamento da actividade nos serviços à entrada de 2025. Destaque-se a queda da componente de novas encomendas, para o nível mais baixo desde Junho, sinalizando um enfraquecimento da procura. A desaceleração na actividade nos serviços que estes dados sugerem contrasta com o maior dinamismo sinalizado pelo índice ISM Manufacturing.
- O Banco de Inglaterra deverá anunciar hoje uma descida da Bank rate de 25 bps, para 4.50%, o 3º corte do actual ciclo. Nos EUA, serão conhecidos os resultados da Amazon. De acordo com o indicador do BCE que antecipa a evolução dos salários na Zona Euro, ocorrerá ao longo deste ano uma clara desaceleração salarial. Partindo de 5.3% no 4º trimestre de 2024, a taxa de crescimento dos salários deverá diminuir gradualmente, até 1.5% no 4º trimestre de 2025. Esta sinalização é particularmente relevante para que o BCE mantenha a confiança na trajectória de descida da inflação ao longo deste ano.
- Os principais índices accionistas europeus e os futuros dos índices americanos seguiam esta 4ª feira em queda. Ontem, a Alphabet apresentou um crescimento de receitas abaixo do esperado em 2024 e projectou, para 2025, despesas de capital muito acima do esperado, levando a uma reacção adversa do mercado. As acções da empresa caíram mais de 9% no after-hours trading. Do lado positivo, merecem destaque os resultados positivos do Crédit Agricole e do Santander, no 2º caso um máximo histórico e levando ao anúncio de um plano de share buybacks de EUR 10 bn (as acções do banco espanhol valorizavam quase 8% esta manhã). A Novo Nordisk apresentou também resultados favoráveis, projectando uma forte subida das receitas, associada ao aumento da oferta de Ozempic.
- Na China, após as comemorações do Ano Novo Lunar, o mercado reabriu com o Shanghai Composite a recuar 0.6%. A tarifa adicional de 10% imposta pelos EUA às importações oriundas da China entrou ontem em vigor e o Governo chinês anunciou medidas de retaliação a partir do dia 10 (tarifas de 15% sobre importações de petróleo e GNL e de 10% sobre equipamento agrícola e material de transporte; restrições às exportações de recursos minerais para os EUA e uma investigação a práticas monopolísticas da Google). Apesar de tudo, as contramedidas da China foram vistas como “contidas”, admitindo-se negociações com os EUA. Ainda na China, o ISM Serviços de Jan recuou inesperadamente, sinalizando um abrandamento da actividade no sector.
- O ouro valorizava 0.7%, para novos máximos, reflectindo os receios associados às guerras comerciais e aos riscos geopolíticos (neste caso depois de Trump ter defendido o controlo da Faixa de Gaza pelos EUA). Ao nível dos indicadores de actividade, destaque para o recuo maior que o esperado dos job openings nos EUA, em Dez’24. Hoje, merece atenção a divulgação do ISM Serviços de Janeiro nos EUA. Na 2ª feira, o ISM Manufacturing tinha sinalizado a 1ª expansão da actividade industrial nos EUA em 26 meses, incluindo um aumento do emprego e uma aceleração dos preços. Em França, o Governo de Bayrou deverá hoje sobreviver a duas moções de censura, permitindo assim a aprovação do OE2025.
- O anúncio, pela Administração Trump, de imposição de tarifas às importações do México, do Canadá e da China e a ameaça de uma acção semelhante sobre a UE marcaram o arranque da semana, penalizando o sentimento dos investidores. Entretanto, foi ontem anunciado pela Presidente do México um acordo com os EUA que permite o adiamento, por um mês, da implementação da tarifa sobre as importações mexicanas. O México ofereceu um reforço do controlo da fronteira com os EUA (com foco na imigração). Horas depois, o Primeiro-Ministro do Canadá anunciou um acordo semelhante (com foco no tráfico de fentanil). O peso mexicano e o dólar canadiano apreciam, retomando os níveis de 6ª feira face ao dólar, que recua em termos efectivos.
- A única tarifa que entrou hoje em vigor foi a de 10% sobre as importações da China, à qual as autoridades chinesas responderam com um conjunto de medidas retaliatórias (contidas). Estas medidas entrarão em vigor no dia 10, o que sugere a possibilidade de um acordo antes da sua entrada em vigor. Trump manifestou entretanto o desejo de falar com o Presidente Xi. A reacção dos mercados parece também contida, provavelmente interpretando que uma escalada de medidas de retaliação poderá ser evitada. De qualquer modo, os mercados accionistas europeus apresentavam novas perdas esta manhã, após a desvalorização de ontem, que afectou também os mercados dos EUA.
- O Primeiro-Ministro francês recorreu ontem ao artigo 49.3 da Constituição para aprovar o OE 2025, que contempla uma redução do défice público de 6% para 5.4% do PIB. O partido de esquerda França Insubmissa anunciou a apresentação de uma moção de censura ao Governo esta 4ª feira, que poderá não ter sucesso, dado que mais deputados poderão desta vez abster-se. O spread da dívida francesa face à Alemanha a 10 anos diminui para 71 bps, o mais baixo desde Setembro.
- A semana iniciou-se com fortes quedas nos mercados accionistas (entre 1.2% e 1.6% na Europa; -2.7% no Nikkei; -2.5% no Kospi da Coreia do Sul), em reacção ao anúncio de imposição de tarifas pelos EUA ao México, Canadá e China, e à ameaça de uma acção semelhante sobre a UE. O sector automóvel europeu era especialmente penalizado. O dólar apreciava 1.1% em termos efectivos, para máximos de 2 anos. O euro (-1.1%), a libra (-0.7%), o peso mexicano (-3%) e o dólar canadiano (-0.5%) recuavam. De notar a ligeira apreciação do iene (0.2%). O preço do petróleo subia (2.1% no WTI e 1.2% no Brent), enquanto o cobre, o aço e a platina desvalorizavam entre 0.8% e 2%.
- A Administração Trump anunciou a imposição de tarifas de 25% sobre as importações do México e Canadá (10% no caso de bens energéticos oriundos do Canadá) e de 10% sobre as importações da China. Em retaliação, o Governo do Canadá anunciou a imposição de tarifas de 25% sobre USD 106 bn de importações oriundas dos EUA. Esperam-se também contramedidas por parte do México e China. Se prolongada no tempo, esta guerra comercial poderá gerar impactos adversos significativos, mais severos no México (80% das suas exportações vão para o mercado americano) e no Canadá (77% das exportações para os EUA). Os EUA serão também ser afectados, via disrupção das cadeias de abastecimento no sector automóvel e um custo mais elevado dos bens energéticos e alimentares, pressionando a inflação em alta.
- Esta semana, espera-se a divulgação de um recuo da criação de emprego nos EUA, em Jan, com a taxa de desemprego estável em 4.1%. Os ISMs deverão sugerir uma actividade sólida. Na Zona Euro (já esta manhã), espera-se a divulgação de uma inflação estável em Jan (2.4% YoY), com a core a recuar de 2.7% para 2.6%. No Reino Unido, o BoE deve cortar a Bank Rate em 25 bps, para 4.5%. Na earnings season, a Alphabet, Amazon e Novo Nordisk apresentam resultados. Em França, o Governo procura hoje aprovar o seu Orçamento, mesmo sem a aprovação do Parlamento, o que poderá dar origem à votação de uma moção de censura na 4ª feira.