
economia e mercados
24 Economia e Mercados
Diário
Publicação diária com os principais indicadores dos mercados financeiros (ações, obrigações, mercado monetário, taxas de câmbio, commodities) e com a análise dos principais “market movers” do dia, incluindo os indicadores de atividade económica, as decisões de política monetária e os eventos políticos mais relevantes.
Abril 2025
Acções sobem com pausa nas tarifas dos EUA sobre IT.
- Os índices accionistas europeus abriram a semana com ganhos próximos de 2%, depois de uma sessão positiva na Ásia, com os ganhos liderados pelos sectores da energia, IT e financeiro. Os futuros dos índices americanos registavam também ganhos. O mercado reage ao anúncio, no fim-de-semana, de que a Administração Trump suspendeu temporariamente as tarifas às importações de um conjunto de produtos de IT (e.g. smartphones). Permanece uma percepção de imprevisibilidade e de elevada incerteza associadas à política comercial e económica dos EUA. Neste sentido, o dólar prolongava a recente tendência de queda (-0.6% em termos efectivos esta manhã). A yield do Treasury a 10 anos recuava 2 bps, evoluindo em torno de 4.47%, quase 50 bps acima do registo de há uma semana.
- Na 6ª feira, a China anunciou uma tarifa retaliatória de 125% sobre as importações oriundas dos EUA. Esta 2ª feira, soube-se que as exportações chinesas subiram 12.4% YoY em Março, acima do esperado (e provavelmente com um efeito de antecipação de procura face expectativa de introdução de tarifas pelos EUA). Já as importações recuaram 4.3% YoY, também mais que o esperado.
- Esta 5ª feira, esperamos que o BCE anuncie um corte das taxas directoras em 25 bps (deixando a taxa da facilidade de depósito em 2.25%). Vemos as tarifas dos EUA como um choque (sobretudo) desinflacionista sobre a economia da Zona Euro. Merece atenção a reunião entre o Presidente Trump e a PM italiana Giorgia Meloni, onde as tarifas dos EUA sobre a UE deverão ser tema de discussão. Na China, o PIB terá desacelerado marginalmente no 1Q’25, para 5.2% YoY. Estima-se uma recuperação das vendas a retalho. Por fim, prossegue esta semana a earnings season, merecendo destaque a divulgação dos resultados da Goldman Sachs, Citigroup, Bank of America, Netflix e Johnson & Johnson.
- Os principais índices accionistas europeus abriram hoje a sessão com ganhos expressivos (+7.3% no DAX), seguindo a melhoria do sentimento observada hoje na Ásia (+9.1% no Nikkei) e, ontem, nos EUA, onde se observaram as maiores valorizações diárias desde 2008 no S&P 500 (9.5%) e desde 2001 no Nasdaq (12%). Esta evolução foi espoletada pelos anúncios, por parte da Administração Trump, da suspensão, por 90 dias, das novas tarifas bilaterais, e da aparente disponibilidade para negociar acordos bilaterais de comércio.
- Deve-se ter presente, contudo, que (i) os EUA elevaram ontem a tarifa sobre as importações oriundas da China, para 125% (após anúncio de tarifa retaliatória de 84% por parte da China); (ii) que se mantém uma tarifa de 10% sobre a generalidade dos países; (ii) que se mantêm as tarifas de 25% sobre as importações americanas de alumínio, aço e automóveis; (iii) que, ontem, o Presidente Trump anunciou que os EUA irão em breve introduzir tarifas às importações de bens farmacêuticos; e, sobretudo, (iv) que se mantém um quadro de elevada imprevisibilidade e incerteza na política económica dos EUA, com impactos potenciais adversos nos mercados financeiros e na economia.
- Após a forte subida na última semana, a yield do Treasury a 10 anos recuava apenas ligeiramente (-4 bps, para 4.32%). Já a yield do Bund a 10Y subia 10 bps, com a perspectiva de atenuação de um choque adverso na economia europeia. O dólar recuava 0.4% em termos efectivos. Hoje merece atenção a divulgação da inflação de Março nos EUA (espera-se ligeiro recuo). Na China, os preços recuaram 0.1% YoY no consumo e 2.5% YoY no produtor.
- Os principais índices accionistas europeus exibiam, esta manhã, valorizações superiores a 1%, depois de uma sessão de ganhos expressivos na Ásia (+6% no Nikkei), recuperando parcialmente das fortes quedas dos últimos dias. Ontem, a sessão revelou-se extremamente volátil, com os principais índices accionistas a oscilarem entre quedas e ganhos expressivos, em parte respondendo a rumores e desmentidos sobre uma possível suspensão das tarifas dos EUA por um período de 90 dias. Trump ameaçou mesmo impor uma tarifa adicional de 50% às importações da China. A Presidente da CE afirmou que os EUA rejeitaram uma proposta de tarifas recíprocas zero no comércio de bens industriais.
- Ontem, a sessão ficou também marcada por um sell-off nos Treasuries, levando a yield nos 10 anos a subir 19 bps (esta manhã, a yield recuava 3 bps, para 4.15%). Num contexto de elevada incerteza, especulou-se (e temeu-se) que este movimento pudesse estar ligado a vendas forçadas por parte de investidores, no contexto das fortes perdas no mercado accionista. Após forte queda ontem, o dólar prolonga esta manhã a recente tendência de depreciação, perdendo 0.25% em termos efectivos. O petróleo (Brent) valorizava 0.5% esta manhã (-2.1% ontem), para cerca de USD 64.5/barril.
- Na Alemanha, as exportações cresceram 1.8% MoM em Fevereiro, acima do esperado. Destaque para o crescimento de 8.5% MoM nas exportações para os EUA, o que deverá reflectir uma antecipação da procura face à ameaça de tarifas. Na Zona Euro, em Fevereiro as vendas a retalho cresceram 0.3% MoM e 2.3% YoY, acima do esperado. Deve-se referir, contudo, que este conjunto de indicadores perde relevância no contexto da preocupação com os eventuais efeitos das tarifas, que entraram em vigor entretanto.
- A semana inicia-se com um prolongamento das fortes quedas no mercado accionista. Depois de uma sessão muito negativa, esta 2ª feira, na Ásia (-7.8% no Nikkei, -13.5% no Hang Seng), os principais índices europeus desvalorizavam de forma expressiva, com destaque para o Euro Stoxx 600 (-6%), para o CAC 40 (-6.1%) e para o DAX (-6.4%). Os receios em torno dos impactos das tarifas dos EUA, acentuados pela retaliação da China. A aversão ao risco traduz-se, também, no refúgio dos investidores em dívida pública, com as yields do Treasury e Bund a 10Y a recuarem 9 e 13 bps, respectivamente, para 3.92% e 2.45% (-15 bps e -16 bps nos 2 anos). O petróleo (Brent) e o cobre desvalorizavam 4.4% e 2%, respectivamente.
- A entrada em vigor das novas tarifas dos EUA manter-se-á em foco esta semana. A tarifa básica geral de 10% passou a ser aplicada no fim-de-semana e as tarifas adicionais bilaterais serão aplicadas a partir de 4ª feira. Ao nível dos indicadores, nos EUA estarão em foco os números mais recentes da evolução dos preços. A inflação medida pelo IPC terá caído em Março na economia americana, de 2.8% para 2.6% YoY, ou de 3.1% para 3% a nível core. A confiança dos consumidores americanos terá voltado a recuar em Abril. Merece referência o facto de, nos EUA, a criação de emprego ter aumentado, em Março, de 117 mil para 228 mil, mais que o esperado. A taxa de desemprego subiu, contudo, de 4.1% para 4.2%.
- Na 4ª feira o Fed divulga as minutas da última reunião de política monetária. O mercado reforçou as expectativas de cortes de juros (esperando 4 cortes de 25 bps até Março de 2026), mas as mensagens mais recentes dos responsáveis da autoridade monetária apontam para uma postura de wait and see nas próximas reuniões. O tema da inflação estará em foco também na China, com estimativas de registos de 0.1% YoY no IPC e de -2.3% no IPP. Por fim, merece ainda destaque o início da earnings season, com a divulgação dos resultados da Morgan Stanley e J.P. Morgan.
- A sessão de ontem ficou marcada por uma acentuada desvalorização dos mercados accionistas, particularmente forte nos EUA, onde se verificou uma perda diária de cerca de USD 2.5 trillion. Esta foi a primeira reacção/choque dos mercados ao anúncio do plano de tarifas recíprocas às importações norte-americanas pelo Presidente Trump na noite de 4ª feira. Este sell-off global foi acompanhado de um aumento dos níveis de volatilidade e da incerteza em torno do outlook da economia norte-americana e global, tanto no que respeita à actividade como à inflação.
- Os receios do impacto negativo do plano de tarifas da Administração Trump conduziu, assim, a um evidente acréscimo dos níveis de aversão ao risco, bem evidente na valorização da dívida pública norte-americana e europeia, com fortes descidas das respectivas yields. A taxa do Treasury a 10 anos caiu 10 bps na 5ª feira, tendo já recuado abaixo de 4% esta manhã (3.96%). O dólar recuou ontem 1.7% em termos efectivos e estabiliza esta manhã (em EUR/USD 1.101 e USD/JPY 146.1). Os preços do petróleo descem hoje mais de 2%, depois de terem caído ontem mais de 6%, com a deterioração de perspectivas para a economia global. O barril de Brent situa-se em USD 68.4.
- Nos EUA, o índice ISM Serviços recuou mais que o esperado (para 50.8 pontos) em Março, sinalizando uma desaceleração mais acentuada da actividade dos serviços. Será hoje conhecida a criação de emprego nos EUA em Março e pelas 16h30 Jerome Powell intervirá sobre o outlook para a economia americana.
- A apresentação pelo Presidente Trump do seu plano de “tarifas recíprocas” está a gerar um forte acréscimo dos níveis de aversão ao risco, com perdas generalizadas dos mercados accionistas (particularmente acentuadas nos futuros dos índices dos EUA) e uma valorização da dívida pública norte-americana, a que corresponde uma queda das respectivas yields. A taxa do Treasury a 10 anos cai para 4.07%, nível mais baixo dos últimos 6 meses. O ouro volta a valorizar, ascendendo a um novo máximo de USD 3167/onça. O dólar deprecia em termos efectivos (-1.5%), enquanto o iene e o euro avançam (para USD/JPY 146.6 e EUR/USD 1.103).
- O plano de tarifas recíprocas sobre as importações apresentado esta noite pelo Presidente norte-americano contempla uma tarifa mínima de 10% sobre todas as importações, nível que vai depois sendo ajustado em alta de acordo com o que a Administração Trump considera barreiras e diferenças de tratamento impostas por cada parceiro (incluindo impostos, regulamentação e manipulação cambial). Assim, ao Reino Unido e ao Brasil é aplicada a tarifa base de 10%, à UE será aplicada uma taxa de 20%, ao Japão de 24%, à China de 34% (neste caso, adicionados aos 20% já este ano impostos).
- Em termos efectivos, a tarifa aplicada pelos EUA às importações de bens deverá ascender a cerca de 23%, o que constitui o nível mais elevado em mais de um século, superando mesmo o nível da tarifa média efectiva próxima de 20% imposta nos anos 1930s. Merecem atenção, agora, as eventuais respostas das economias visadas (e.g. eventual depreciação do renminbi por parte da China, tarifas retaliatórias, restrições sobre empresas tecnológicas americanas, etc.). Os riscos negativos para a inflação (sobretudo nos EUA) e para a actividade (a nível global) aumentam claramente.
- Hoje o dia será marcado pelo anúncio de novas tarifas por parte da Administração Trump, que poderá incluir (i) tarifas “recíprocas” sobre a generalidade das economias, (ii) tarifas bilaterais direccionadas a economias com maiores excedentes comerciais com os EUA, e (iii) tarifas sectoriais. A incerteza sobre estes anúncios (e, logo, sobre os potenciais impactos de mercado) é muito elevada. Entre os receios de inflação e de estagnação, os mercados parecem estar a privilegiar os últimos. Esta manhã, as yields do Treasury e Bund prolongavam o recente movimento de queda (4.17% e 2.67% nos 10Y), o preço do petróleo recuava 0.4% e os índices accionistas europeus desvalorizavam (-1% no DAX). O ouro retomava a recente tendência de ganhos. O dólar seguia estável.
- Nos EUA, o ISM Manufacting recuou mais que o esperado em Março, sinalizando uma contracção da actividade. Registaram-se quedas nas componentes de produção, novas encomendas e emprego. Destaque também para a forte aceleração dos preços e para o aumento dos stocks (e.g. acumulação de stocks em antecipação às tarifas). No contexto de um arrefecimento da procura, esta evolução torna expectável, mais à frente, uma redução da produção e um impacto mais pronunciado da redução de stocks no crescimento. Ainda nos EUA, nota para a redução das novas ofertas de emprego e dos job quits, sinalizando um arrefecimento do mercado de trabalho americano.
- Na Zona Euro, a inflação recuou em Março de 2.3% para 2.2% YoY, ou de 2.6% para 2.4% YoY a nível core, neste caso mais que o esperado. Destaque para a queda de 0.7% YoY nos preços da energia e para a desaceleração dos preços nos serviços, de 3.7% para 3.4% YoY, neste caso beneficiando, em parte, de efeitos de calendário favoráveis relacionados com os diferentes timings da Páscoa em 2024 (31 Mar) e 2025 (20 Abr). Estes números suportam a expectativa de continuação do processo de desinflação. Mas mantém-se a incerteza sobre a decisão de o BCE cortar ou não os juros de referência na reunião de 17 de Abril.
- A manhã desta terça-feira está a ser marcada por uma valorização da generalidade dos índices accionistas asiáticos e europeus, depois das fortes perdas que marcaram as últimas sessões e, em particular, o dia de ontem. É grande, no entanto, a volatilidade e a incerteza, na expectativa da apresentação, esta 4ª feira, do programa de tarifas sobre as importações norte-americanas pelo Presidente Trump. O anúncio está agendado para as 15h de amanhã em Washington (10h em Lisboa). O ouro prolongou a respectiva trajectória de valorização, ascendendo a um novo máximo de USD 3149/onça já esta manhã.
- De acordo com algumas fontes, na Zona Euro, haverá um número crescente de membros do Conselho de Governadores do BCE a favorecer, na reunião de 17 de Abril, uma pausa na trajectória de descida dos juros de referência, após o corte acumulado de 150 bps ao longo dos últimos meses. A justificar esta pausa estariam o particularmente elevado nível de incerteza em torno do impacto da política de tarifas dos EUA e do incremento de despesa pública em defesa na Europa. Será conhecida pelas 10h a estimativa de inflação para a Zona Euro no mês de Março.
- Na China, o índice Caixin PMI Manufacturing subiu em Março de 50.8 para 51.2 pontos, um desempenho mais forte que o esperado e que está a impulsionar os preços dos metais industriais, recuperando assim das perdas das últimas sessões. Nos EUA, será divulgado esta tarde o índice ISM Manufacturing para Março, podendo ter recuado para território de contracção da actividade.
Março 2025
- A semana iniciou-se com quedas significativas no mercado accionista (-4% no Nikkei, -1% no DAX), traduzindo a incerteza e os receios em torno da política de tarifas dos EUA. No fim de semana, Trump reafirmou a preferência por uma postura proteccionista mais agressiva, declarou indiferença pelo eventual aumento de preços dos automóveis nos EUA e ameaçou a imposição de “tarifas secundárias” sobre o petróleo russo. O ambiente de aversão ao risco era visível no recuo das yields do Treasury e Bund a 10 anos (-3 bps) e na valorização do ouro (+1.3%) para novos máximos. Na China, os PMIs subiram acima do esperado em Março, na indústria e nos serviços.
- Esta semana, os EUA deverão anunciar novas “tarifas recíprocas”, que Trump já descreveu como devendo ser “brandas”. Contudo, eventuais tarifas sectoriais (e.g. microprocessadores, produtos farmacêuticos, cobre) e acções bilaterais contra práticas que os EUA consideram injustas (e.g. IVA, subsídios, regulamentos) envolvem mais riscos e incerteza. Estas poderão ser especialmente direccionadas a algumas economias (UE, Canadá, México, China, Vietname) e poderão elevar a tarifa efectiva dos EUA até ~17%-18%, com impactos adversos mais visíveis. Neste contexto, é provável que a volatilidade nos mercados se mantenha elevada.
- Ao nível dos indicadores, destaca-se, nos EUA, o relatório mais recente sobre a evolução do mercado de trabalho. A criação de emprego terá recuado, em Março na economia americana, de 151 mil para 135 mil, enquanto a taxa desemprego ter-se-á mantido estável em 4.1% da população activa. Já os ISMs poderão sinalizar um arrefecimento da actividade na indústria e serviços, acompanhado por um aumento das pressões inflacionistas. Na Zona Euro, inflação terá caído de 2.3% para 2.2% YoY em Março, com o registo core a baixar de 2.6% para 2.5% YoY.
- Os mercados accionistas voltam a sofrer perdas generalizadas esta 6ª feira, prolongando o sell-off das duas sessões anteriores. A aversão ao risco continua a condicionar a evolução dos mercados financeiros, com os mercados a aguardarem com grande expectativa o anúncio das tarifas recíprocas que os EUA passarão a impor sobre as importações a partir de 2 de Abril. Os receios de um agravamento da guerra comercial, com acções retaliatórias dos parceiros comerciais dos EUA, está a pesar de forma clara sobre o sentimento dos investidores. O ouro prolonga a trajectória de valorização, tendo ascendido a um novo máximo de USD 3085/onça.
- As estimativas para a inflação em França e Espanha no mês de Março revelaram uma evolução dos preços mais benigna que o esperado, tendo a inflação homóloga permanecido inalterada em França em 0.9% e descido em Espanha de 3% para 2.3%. Estes dados estão a conduzir a uma descida das yields da dívida das economias da Zona Euro, e a um acréscimo da probabilidade de um novo corte das taxas de juro de referência pelo BCE na reunião de 17 de Abril (para cerca de 86%). Mantém-se, no entanto, elevada a incerteza quanto a tal decisão, dadas as posições divergentes que continuam a ser manifestadas pelos membro do Conselho de Governadores do BCE.
- No Reino Unido, as vendas a retalho cresceram 1% MoM em Fevereiro, após 1.4% em Janeiro, superando de forma clara as expectativas e ilustrando um forte desempenho do consumo das famílias à entrada de 2025. Na sessão de hoje, destaque-se nos EUA a divulgação da evolução do deflator core das despesas de consumo pessoal (medida de inflação acompanhada pelo Fed) em Fevereiro, bem como o rendimento e despesa das famílias.
- A aversão ao risco retornou de forma evidente aos mercados financeiros com o anúncio, pelo Presidente Trump, da imposição de tarifas de 25% sobre as importações de automóveis, a partir de 3 de Abril. Serão abrangidos nesta fase todos os automóveis fabricados fora dos EUA, numa decisão que visa incentivar as empresas a produzi-los em território norte-americano. A partir de 3 de Maio serão também abrangidas as importações de componentes para a produção de automóveis. Trump sugeriu também novas tarifas sobre a UE e o Canadá se trabalharem em conjunto em acções retaliatórias contra os EUA.
- Os mercados accionistas sofrem perdas generalizadas, lideradas pelo sector automóvel, depois de já ontem a sessão ter ficado marcada por desvalorizações dos principais índices. Os investidores receiam uma escalada da guerra comercial, dada a provável retaliação dos parceiros comerciais dos EUA, com efeitos negativos sobre a confiança, os fluxos comerciais internacionais e agravamento de pressões inflacionistas. O ouro valoriza (para USD 3036/onça), reaproximando-se do máximo alcançado na passada semana.
- Em França, o défice orçamental de 2024 foi de 5.8% do PIB, ligeiramente abaixo da previsão de 6% do Governo. O rácio de dívida pública ascendeu a 113% do PIB, após 109.8% em 2023. Em Portugal, as contas públicas registaram um excedente de 0.7% do PIB em 2024, tendo a dívida pública descido para 94.9% do PIB. No Reino Unido, o Spring Statement apresentado pelo Governo foi bem acolhido pelo mercado. As taxas da dívida britânica caíram ligeiramente e a libra aprecia face ao dólar e ao euro.
- No Reino Unido, a inflação recuou, em Fevereiro, mais que o esperado, de 3% para 2.8% YoY, ou de 3.7% para 3.5% YoY a nível core, mas sugerindo ainda alguma persistência. Ontem soube-se que a confiança no sector do retalho registou uma forte queda em Março, justificada pelos receios em torno das tarifas e pelas expectativas pessimistas relativamente à política orçamental. Hoje, o Governo britânico apresenta no Parlamento o Spring Statement, que deverá incluir planos orçamentais restritivos. Com o mercado a acentuar as expectativas de cortes de juros pelo BoE e a yield da dívida pública britânica a 10 anos a descer 4 bps, para 4.72%, a libra recuava 0.4% face ao dólar, para GBP/USD 1.289, e 0.43% face ao euro, para EUR/GBP 0.8373.
- Os índices accionistas europeus evoluíam, esta manhã, maioritariamente em queda (-0.7% no DAX), com o sentimento a manter-se condicionado pelos receios em torno das tarifas. Ontem, os EUA anunciaram um acordo com a Rússia e a Ucrânia para um cessar-fogo parcial (navegação segura no Mar Negro e suspensão de ataques a infraestruturas energéticas). A Rússia afirmou que o acordo está condicionado ao levantamento das sanções impostas aos bancos e às empresas envolvidas nas exportações agrícolas. Os mercados de commodities não registavam reacções significativas.
- Ontem, o sentimento nos mercados foi penalizado pela divulgação de uma forte queda da confiança dos consumidores nos EUA, medida pelo Conference Board. O indicador relativo a Março caiu para mínimos de 2021, sobretudo com o contributo da componente de expectativas, que caiu para um mínimo de 12 anos e muito abaixo do registo de 80 que, no passado, antecipou períodos de recessão. Esta evolução traduziu uma visão mais pessimista das futuras condições económicas e das perspectivas de emprego. A avaliação das condições actuais registou um recuo mais ligeiro. E os indicadores quantitativos recentes não apontam para uma recessão.
- Os mercados accionistas europeus apresentam ganhos moderados esta manhã. Os índices de referência norte-americanos registaram ontem ganhos expressivos, uma evolução que terá sido justificada pela expectativa de que as tarifas a anunciar pela Administração Trump no dia 2 de Abril serão mais direccionadas e menos abrangentes que o temido anteriormente. A expectativa e incerteza em torno deste anúncio mantêm-se, no entanto, muito elevadas. Os preços do petróleo voltam a subir esta terça-feira, depois de o Presidente Trump ter ameaçado impor uma tarifa de 25% sobre todas as importações norte-americanas de países que adquiram crude ou gás à Venezuela.
- Na Alemanha, o índice IFO de clima empresarial melhorou em Março, como esperado, ao subir de 85.3 para 86.7 pontos. A subida é mais expressiva no que respeita às expectativas, face à avaliação da situação actual, tal como sucedera com o índice ZEW, traduzindo a melhoria do outlook impulsionada pela importante alteração do rumo da política orçamental na maior economia europeia, com o previsto aumento de despesa em defesa e infraestruturas.
- Será hoje conhecida a confiança dos consumidores americanos apurada pelo Conference Board para Março, para a qual se antecipa uma visível deterioração, à semelhança do sinalizado já pelo índice da Universidade de Michigan. O Presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, afirmou ontem que antecipa agora apenas mais uma descida dos juros de referência do Fed (em vez de duas anteriormente), com o efeito das tarifas sobre as importações a interromper a trajectória de desinflação nos EUA.
- O PMI Compósito da Zona Euro subiu, em Março, ligeiramente abaixo do esperado, continuando a sinalizar uma expansão muito ligeira da actividade. O PMI Manufacturing subiu de 47.6 para 48.7 pontos, indicando ainda uma contracção da actividade, mas mais moderada (de referir que a componente de produção voltou a terreno de expansão pela 1ª vez em 2 anos). Já o PMI Serviços sinalizou uma pequena desaceleração da actividade neste sector, contrariando as expectativas de uma ligeira aceleração. Merece destaque a ligeira aceleração da actividade sugerida pelo PMI Compósito na Alemanha (para um máximo de 10 meses), com uma subida mais expressiva da componente da indústria.
- O mercado accionista europeu registava ganhos ligeiros esta manhã (0.3% no DAX, 0.17% no Euro Stoxx 600), em parte traduzindo o maior optimismo sobre a actividade na Alemanha, noutra parte reflectindo rumores de que os anúncios sobre tarifas por parte dos EUA no próximo dia 2 de Abril poderão ser mais direccionados e menos generalizados do que o temido; mas com estes factores temperados pelo tom modesto dos PMIs no conjunto da Zona Euro. A yield do Bund a 10 anos subia 1 bp. O euro apreciava 0.17% face ao dólar, para EUR/USD 1.084.
- Nos EUA, o indicador de confiança dos consumidores (apurado pelo Conference Board) deverá sinalizar (terça-feira) uma nova deterioração do sentimento, antecipando-se um aumento das expectativas de inflação e uma avaliação mais negativa das condições do mercado de trabalho. No final da semana, espera-se, nos EUA, a divulgação de uma subida do deflator core do consumo pessoal em Fevereiro (uma medida de inflação de referência para o Fed). Estes indicadores poderão suportar os recentes receios de uma eventual conjuntura “estagflacionista” nos EUA. No Reino Unido, a inflação medida pelo IPC deverá ter registado um recuo apenas marginal em Fevereiro, para 2.9% YoY (ou 3.6% YoY a nível core).
- Os mercados accionistas apresentam perdas generalizadas na manhã desta 6ª feira, prolongando o movimento de desvalorização já ontem observado. O sentimento dos investidores permanece pressionado pelos receios quanto ao impacto negativo da política de tarifas da Administração Trump nos EUA sobre a economia global e sobre os resultados empresariais. A incerteza enfatizada por vários responsáveis dos principais bancos centrais veio reforçar as preocupações dos investidores.
- Perante o Parlamento Europeu, a Presidente do BCE reconheceu que a imposição pelos EUA de tarifas de 25% sobre importações europeias poderá reduzir o crescimento da Zona Euro em até 0.3 pontos percentuais no primeiro ano e levar a um aumento da inflação. Se a UE responder aumentando as tarifas sobre as importações norte-americanas, o impacto aumentaria para cerca de meio ponto percentual. Neste cenário, e embora sublinhando a elevada incerteza destas estimativas, o impacto sobre a inflação poderá ser o de um aumento de meio ponto percentual.
- O Banco de Inglaterra manteve ontem inalterada a Bank rate em 4.50%, tal como amplamente antecipado. À semelhança do Fed e do BCE, a autoridade monetária britânica sublinhou a elevada incerteza geopolítica e quanto à evolução do comércio internacional, o que implica a continuação de uma actuação da política monetária muito dependente da informação que for sendo conhecida. Tal como em comunicados anteriores, o Banco de Inglaterra enfatiza os riscos negativos à actividade no Reino Unido enquanto reconhece que as pressões ascendentes sobre os preços permanecem elevadas.
- Tal como esperado, o Fed manteve ontem o target para a taxa de juro fed funds no intervalo 4.25-4.50%. As projecções dos membros do FOMC reviram em baixa o crescimento do PIB (de 2.1% para 1.7% este ano e de 2% para 1.8% em 2026) e o desemprego este ano em alta (para 4.4%). O Fed vê a inflação este ano em 2.7% (vs. 2.5% antes) e em 2.2% em 2026 (vs. 2.1%). Quanto à taxa de juro de referência, a mediana das projecções mantém a expectativa de dois cortes até ao fim do ano. Powell sublinhou a elevada incerteza decorrente das alterações de política económica levadas a cabo pela nova Administração, em particular quanto ao impacto das tarifas sobre os preços. O Fed anunciou ainda uma redução do ritmo de diminuição do seu balanço (QT). As yields da dívida dos EUA caíram 7 e 4 bps a 2 e 10 anos.
- O cobre superou esta manhã o patamar de USD 10000/tonelada, situando-se assim ao nível mais elevado desde Outubro, com a expectativa de que a Administração Trump se prepara para a imposição de tarifas sobre as importações do metal. O ouro ascendeu a um novo máximo de USD 3057/onça, num quadro de menor crescimento e de inflação mais elevada, segundo as novas projecções dos membros do Fed.
- O Banco de Inglaterra deverá manter hoje inalterada a Bank rate em 4.5%, num quadro de persistência de inflação elevada no Reino Unido (e de aumento de pressões ascendentes sobre os salários). Os líderes da UE reúnem-se hoje em Conselho Europeu para discutir o incremento da despesa em defesa, a competitividade e a união da poupança e investimento.
- Os principais índices accionistas europeus seguiam esta manhã em queda (-0.35% no DAX), depois de, ontem, os índices americanos terem prolongado a recente tendência negativa. A Tesla caiu 5.3%, depois de a concorrente chinesa BYD ter anunciado um novo sistema de carregamento eléctrico de 5 minutos. Com a incerteza a manter-se em torno de um cessar-fogo na guerra da Ucrânia, o ouro atingiu novos máximos, acima de USD 3050/onça, recuando ligeiramente esta manhã, para USD 3038. A lira turca perdia 6% face ao dólar, em reacção à prisão de Ekrem Imamoglu, o principal rival político do Presidente Erdogan. O Banco do Japão manteve a sua taxa directora inalterada em 0.5%.
- Ontem, na Alemanha, a câmara baixa do Parlamento aprovou um aumento significativo da despesa em Defesa e infraestruturas, que se traduzirá num maior suporte da política orçamental ao crescimento. Os votos da CDU, SPD e Verdes asseguraram a maioria necessária de dois terços para ultrapassar as restrições da Constituição ao aumento da despesa (513 votos em 733). Com o resultado antecipado, a yield do Bund a 10 anos recua 3 bps desde ontem, para 2.79%; e o euro perde 0.4%, para EUR/USD 1.09. Já o indicador ZEW de sentimento económico na Alemanha registou uma forte subida em Março, acima do esperado, com o maior optimismo sobre o crescimento.
- Hoje, nos EUA, o Fed deverá manter os juros de referência em 4.25%-4.50%. Apesar da deterioração do sentimento na economia americana, a persistência da inflação e a subida das expectativas inflacionistas deverão condicionar a autoridade monetária. O Fed quererá esperar por sinais de uma maior deterioração das condições financeiras e do outlook antes de voltar a descer os juros. Merece atenção a actualização das projecções económicas e do dot plot, bem como a conferência de imprensa do Chair Powell.
- Os mercados accionistas apresentam ganhos generalizados na manhã desta terça-feira, prolongando o movimento de valorização já ontem observado. Os avanços mais expressivos nas bolsas asiáticas e europeias face às dos EUA ilustram a tendência de maior procura por activos não americanos, num contexto de grande incerteza e receios quanto aos impactos da política económica da Administração Trump. O DAX sobe 0.8%, ampliando o ganho desde o início do ano para 17%.
- Os factores de natureza geopolítica permanecem no topo das preocupações dos investidores. Será hoje votada no Bundestag, câmara baixa do Parlamento alemão, a legislação que permitirá um forte crescimento da despesa em defesa e infraestruturas. A confirmar-se a esperada aprovação (pela CDU, SPD e Verdes) da legislação, tratar-se-á de uma alteração fundamental da política orçamental, que deverá incrementar a despesa pública e estimular o crescimento do PIB da Alemanha e também da Zona Euro nos próximos anos.
- A cotação do outro atingiu já hoje um novo máximo histórico de USD 3017/onça, ilustrando o elevado nível de tensões geopolíticas e os receios em torno da economia americana e global. No Médio Oriente, Israel lançou esta noite um conjunto de mísseis sobre a faixa de Gaza, pondo termo a 2 meses de tréguas com o Hamas. Os Presidentes dos EUA e da Rússia terão hoje uma importante conversa telefónica acerca do conflito na Ucrânia. Nos EUA, as vendas a retalho cresceram menos que o esperado em Fevereiro (0.2% vs. expectativa de 0.6%), depois de a queda do mês anterior ter sido a mais acentuada desde Julho de 2021. Será hoje conhecida a produção industrial nos EUA em Fevereiro.
- A semana iniciou-se com sinais de resiliência da economia da China. Em Jan-Fev, as vendas a retalho e o investimento aceleraram, respectivamente, para 4% e 4.1% YoY. A produção industrial cresceu 5.9% YoY, acima do esperado. No fim-de-semana, as autoridades chinesas anunciaram novos estímulos ao consumo. Na Europa, os principais índices accionistas registavam ganhos ligeiros. O preço do petróleo (Brent) subia 0.6%, para USD 71/barril, com os sinais positivos sobre a procura na China e depois de, no fim-de-semana, os EUA terem atacado alvos dos rebeldes Houthis no Iémen. O ouro recuava dos recentes máximos (-0.2%).
- Esta terça-feira, o parlamento da Alemanha deverá votar as alterações à Constituição que permitirão relaxar o limite máximo de 0.35% do PIB para o défice estrutural e aumentar a despesa em Defesa e infraestruturas, tornando a política orçamental mais expansionista. Na última semana, a CDU chegou a acordo com os Verdes para, com o SPD, obterem os necessários dois terços dos votos no parlamento. Depois de atingir um máximo do ano acima de 2.94% na última semana, a yield do Bund a 10 anos evoluía hoje em torno de 2.87%. O euro seguia estável em EUR/USD 1.088. Na 6º feira, a Fitch manteve o rating soberano de Portugal em A-. A Moody’s reviu o rating da Grécia de Ba1 para Baa3. Pela 1ª vez desde 2010, o país voltou a ser visto como investment grade pelas 3 principais agências.
- Nos EUA, esta semana o Fed deverá manter os juros de referência em 4.25%-4.50%. Dado o aumento do pessimismo de consumidores e empresas sobre o outlook, o mercado (que espera 2 a 3 cortes de 25 bps até final do ano) quererá ver sinais de que o Fed estará pronto a actuar, se necessário. Ao nível dos indicadores, estima-se uma ligeira recuperação das vendas a retalho em Fev (+0.7% MoM). BoE, BoJ e Risksbank deverão manter as taxas directoras inalteradas (possivelmente com um tightening bias no caso do BoJ). O SNB (Suíça) poderá cortar 25 bps.
- A manhã desta 6ª feira está a ser caracterizada por ganhos dos mercados accionistas europeus e asiáticos, impulsionados pela perspectiva de um acordo no Congresso dos EUA que impeça um Goverment shutdown já este sábado. O líder Democrata do Senado apoiará a spending bill do Partido Republicano, afirmando que um shutdown seria “muito pior”. Vários Senadores do Partido Democrata mantêm, no entanto, a intenção de votar contra aquele documento, desejando combater os planos de Trump e Musk quanto ao encerramento de serviços federais. A agência Fitch poderá rever hoje em alta o rating da dívida de Portugal de A- para A, apesar da actual crise política.
- A cotação do ouro ascendeu já hoje a um novo máximo de USD 2994/onça, aproximando-se assim do patamar de USD 3000, reflectindo a elevada aversão ao risco actual, com os investidores receosos do impacto negativo da política económica da Administração Trump, sobretudo no que respeita às tarifas sobre as importações. A valorização do ouro ascende a 2.6% desde o início da semana e a 14% desde o início de 2025. O Presidente dos EUA ameaçou impor uma tarifa de 200% sobre os vinhos e outras bebidas alcoólicas importadas da Europa. Será esta tarde divulgado o índice de confiança apurado pela Universidade de Michigan para Março.
- A economia britânica terá sofrido uma contracção mensal de 0.1% em Janeiro, penalizada por quedas da indústria e da construção. Este desempenho, inferior ao esperado, ilustra a fragilidade que a economia do Reino Unido atravessa, e aumenta a expectativa quanto ao possível anúncio de um programa de investimento em infraestruturas por parte do Governo Trabalhista.
- Os mercados accionistas apresentam perdas moderadas na manhã desta 5ª feira. Os riscos de Government shutdown nos EUA já este Sábado, perante o impasse político que persiste no Congresso, estão a agravar as preocupações dos investidores quanto ao desempenho da economia norte-americana. A sessão de ontem ficou, no entanto, marcada por uma recuperação dos índices accionistas de referência na Europa e nos EUA. Mantém-se, assim, a elevada volatilidade que tem caracterizado as últimas 2 semanas. Os ganhos de ontem nas acções foram impulsionados pela melhoria de sentimento gerada pela divulgação dos dados de inflação nos EUA.
- Os dados de inflação nos EUA referentes a Fevereiro revelaram uma evolução mais favorável que o esperado. Os preços no consumidor subiram 0.2% MoM, o menor aumento dos últimos 4 meses. Também ao nível core a subida de preços foi de 0.2%. A inflação homóloga desceu, assim, de 3% para 2.8% e de 3.3% para 3.1% a nível core. Esta evolução favorável da inflação nos EUA poderá, no entanto, não se prolongar nos próximos meses. A elevação de tarifas às importações poderá conduzir a um aumento mais significativo dos preços em Março e Abril.
- O Presidente Trump ameaçou retaliar contra as medidas anunciadas ontem pela Comissão Europeia (tarifas sobre um leque de importações dos EUA de EUR 26 mil milhões), que constituem uma resposta “proporcionada” à imposição pelos EUA de tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio. A ameaça de Trump aumenta o risco de uma escalada da guerra comercial. Também ontem o Canadá anunciou a imposição de uma tarifa de 25% sobre cerca de CAD 30 mil milhões de bens dos EUA.
- Os índices accionistas europeus abriram a sessão de hoje a valorizar (+0.7% no Euro Stoxx 600 e DAX), invertendo a recente tendência de queda e reflectindo (i) as notícias de que a Ucrânia aceitou a proposta dos EUA para um cessar-fogo de 30 dias com a Rússia e (ii) a moderação de algumas medidas proteccionistas entre os EUA e o Canadá que marcaram o dia de ontem. A yield do Bund subia marginalmente esta manhã, para 2.91%, e o euro estabilizava em torno de EUR/USD 1.091. O spread soberano de Portugal (diferencial vs. yield do Bund a 10 anos) estreitava 1 bp esta manhã, para 49 bps, não sendo assim visível nenhuma reacção adversa do mercado à queda do Governo português.
- A sessão de terça-feira revelou-se fortemente volátil, com os principais índices accionistas a registarem quedas na Europa e nos EUA. O sentimento dos investidores manteve-se condicionado por preocupações com o crescimento da economia americana e com a imprevisibilidade da política comercial da Administração Trump. No contexto da introdução de tarifas de 25% sobre as importações de aço e o alumínio, que entram esta 4ª feira em vigor, o Presidente americano afirmou ontem que esta percentagem seria duplicada para 50% no caso do Canadá, em retaliação contra a tributação, em 25%, das exportações de electricidade da província de Ontário para os EUA. A medida acabou por ser suspensa, levando Trump a recuar também nos 50%.
- Os EUA mantêm a intenção de introduzir novas tarifas (“recíprocas”) no início de Abril. E, em reposta às tarifas sobre o aço e o alumínio, a UE anunciou medidas de retaliação sobre EUR 26 mil milhões de importações dos EUA, incluindo aço, alumínio, bens agrícolas e têxteis. Hoje, as atenções centram-se na divulgação da inflação de Fev, nos EUA, estimando-se um recuo marginal, para 2.9% YoY, ou 3.2% a nível core, valores ainda elevados. Os receios sobre o crescimento da economia americana traduzem-se também num alargamento dos spreads dos credit default swaps, para máximos de Ago’24, no segmento investment grade.
- O euro avança na manhã desta terça-feira, depois de a líder dos Verdes na Alemanha ter manifestado disponibilidade para negociar um incremento da despesa em Defesa com o futuro Chanceler Friedrich Merz. Reconhecendo a difícil situação da Ucrânia e a necessidade de incrementar os gastos com a Defesa, a líder dos Verdes espera alcançar um acordo quanto a este tema até ao fim desta semana. Estas declarações, que abrem a porta a uma resolução do impasse quanto ao forte incremento da despesa em Defesa e infraestruturas, estão a levar a cotação EUR/USD a superar o patamar de 1.09 e a uma subida ligeira das yields da dívida alemã (para 2.86% a 10 anos).
- A sessão de ontem ficou marcada por perdas acentuadas dos índices de referência norte-americanos, lideradas pelo sector tecnológico. O S&P 500 perdeu 2.7% e o Nasdaq caiu 4%. Os receios de recessão na economia dos EUA estão na base deste movimento de sell-off, tendo a maior aversão ao risco conduzido a um refúgio na dívida pública norte-americana, que viu as respectivas yields recuarem de forma clara. A taxa do Treasury a 10 anos desceu 8 bps na 2ª feira, recuando esta manhã mais 3 bps.
- A aversão ao risco foi agravada pelas intervenções mais recentes do Presidente Trump e do Secretário do Tesouro Scott Bessent, sugerindo que tolerarão um abrandamento da actividade no curto prazo. Trump afirmou que a economia americana enfrenta “um período de transição”, quando questionado acerca do risco de recessão, enquanto Bessent defendeu que poderá haver “um período de desintoxicação” da economia e dos mercados, demasiado dependentes da despesa pública, na sua opinião.
- A inflação medida pelos preços no consumidor recuou, na China, em Fev, para -0.7% YoY (+0.5% YoY em Jan), um registo abaixo do esperado. Os preços na produção caíram 2.2% YoY. Mantém-se, assim, a pressão deflacionista na economia chinesa. Na Alemanha, as exportações recuaram 2.5% MoM em Jan (-0.1% YoY), sobretudo com a queda das vendas dentro da Zona Euro. Os principais índices accionistas europeus oscilavam esta manhã entre ganhos e perdas marginais, reflectindo preocupações com o crescimento. As yields do Treasury e Bund a 10Y recuavam 5 e 3 bps, respectivamente, e o euro depreciava 0.1%. Já a yield do JGBs subia para 1.6% (máximos de 16 anos), com a expectativa de novas subidas de juros pelo BoJ.
- Esta semana, deverá ser conhecido um recuo da inflação nos EUA, em Fevereiro, de 3% para 2.9% YoY, ou de 3.3% para 3.2% a nível core, mantendo, nos mercados, a percepção de persistência do crescimento dos preços. Neste contexto, o indicador de confiança dos consumidores apurado pela Universidade de Michigan terá voltado a recuar no início de Março. A confirmar-se, esta evolução tenderia a reforçar o cenário de deterioração do outlook de curto prazo para a economia dos EUA. Uma nota para a expectativa de crescimento mensal nulo do PIB do Reino Unido, em Janeiro (vs. 0.4% MoM em Dez’24). Também em Janeiro, a produção industrial terá recuado na Zona Euro.
- A China coloca hoje em vigor as tarifas de 15% sobre um conjunto de importações de bens agrícolas oriundas dos EUA, em retaliação às tarifas impostas pelos EUA que, na semana passada, foram reforçadas em 10%. Por seu lado, os EUA deverão introduzir, na 4ª feira, novas tarifas sobre as importações de aço e alumínio. Ainda a nível político, merece atenção uma nova deadline para um Government shutdown nos EUA. O Speaker da Câmara dos Representantes apresentou, no fim-de-semana, uma proposta de legislação que prolongaria o financiamento do Governo até final de Setembro, mas não é, ainda, claro que a liderança Republicana tenha os votos necessários para a sua aprovação.
- A manhã desta 6ª feira está a ser marcada por desvalorizações generalizadas dos mercados accionistas globais, depois de ontem os índices de referência dos EUA terem sofrido perdas expressivas. A incerteza geopolítica e sinais pouco claros ou contraditórios quanto à política de tarifas da Administração norte-americana estão a pesar sobre o sentimento dos investidores, levando também a um acréscimo dos níveis de volatilidade. O Presidente Trump anunciou ontem a suspensão (até 2 de Abril) da tarifa de 25% sobre as importações do México e do Canadá, dois dias depois da sua introdução. O dólar recua em termos efectivos; a cotação EUR/USD situa-se em 1.085.
- O BCE anunciou ontem a 6ª descida consecutiva das taxas de juro de referência em 25 bps, situando-se agora a taxa da facilidade de depósito em 2.50%, como amplamente antecipado. Contudo, o BCE alterou a linguagem do seu comunicado, considerando agora a sua política como “consideravelmente menos restritiva” em vez de apenas restritiva. Christine Lagarde sublinhou o elevadíssimo (e crescente) nível de incerteza em torno do outlook para a economia da Zona Euro. A alteração de linguagem do comunicado acima referida abre a porta ao debate acerca do timing de um próximo corte e levou o mercado a reduzir a probabilidade atribuída a nova descida na reunião de 17 de Abril (para 63%), movimento que continuamos a antecipar.
- Merece destaque hoje a divulgação dos dados para o mercado de trabalho dos EUA em Fevereiro. É esperada uma criação de cerca de 163 mil postos de trabalho, ligeiramente superior à do mês anterior, antecipando-se a estabilização da taxa de desemprego em 4% e do crescimento da remuneração média horária em 4.1% YoY.
- A manhã desta 5ª feira volta a ser caracterizada pelos movimentos que marcaram a sessão de ontem: uma valorização generalizada dos mercados accionistas e a subida das yields da dívida alemã e das restantes economias da Zona Euro. A subida de ontem das taxas da dívida alemã foi a mais acentuada em termos diários desde 1990, tendo a yield a 10 anos aumentado 30 bps. Esta manhã, a taxa sobe mais 14 bps, tendo atingido já 2.93%, nível mais elevado desde Outubro de 2023. Esta evolução segue-se ao anúncio de um plano maciço de investimento em defesa e em infraestruturas. O euro prolonga a expressiva apreciação diária ontem registada, situando-se a valores superiores a EUR/USD 1.080.
- A sessão de hoje deverá ser dominada pela reunião de política monetária do BCE, num momento em que o mercado reduziu de forma expressiva as expectativas de descidas adicionais dos juros de referência para a Zona Euro ao longo dos próximos meses. Para a reunião de hoje aguarda-se a descida da taxa da facilidade de depósito para 2.50%. Será particularmente relevante o novo conjunto de projecções macroeconómicas da instituição e qualquer alteração da linguagem face a reuniões anteriores.
- A evolução positiva dos mercados accionistas eflecte não só a valorização do sector da defesa, mas também a reacção favorável ao anúncio, pelo Presidente Trump, de que as importações de automóveis do Canadá e do México ficarão para já isentas (por um mês) das tarifas de 25% agora impostas às importações daqueles dois países. Esta decisão está a beneficiar também o sector automóvel europeu.
- Os índices accionistas europeus registavam fortes ganhos esta manhã (+3% no DAX), reflectindo: (i) declarações do Secretário do Comércio dos EUA, afirmando que as tarifas de 25% sobre as importações oriundas do Canadá e do México poderão vir a ser atenuadas; (ii) a intervenção de Trump no Congresso nos EUA, sugerindo a aproximação a um acordo com a Ucrânia e a Rússia; e (iii) last but not least, os anúncios de que a Alemanha criará um fundo de EUR 500 mil milhões para investimentos em infraestruturas e de que a despesa alemã em Defesa acima de 1% do PIB não estará sujeita aos limites orçamentais da Constituição. A yield do Bund a 10 anos subia esta manhã em torno de 20 bps, para perto de 2.7%, e o euro apreciava 0.8% face ao dólar, para EUR/USD 1.07.
- Ontem, os receios de uma guerra comercial mais aberta (entrada em vigor das tarifas sobre as importações americanas do Canadá e México), as preocupações com o crescimento da economia americana e o ambiente de elevada incerteza geopolítica (suspensão do apoio militar dos EUA à Ucrânia), resultaram num ambiente de forte aversão ao risco. Na Europa, a Presidente da CE, Ursula Von der Leyen, anunciou um programa de reforço da despesa da UE em Defesa, incluindo EUR 150 mil milhões em empréstimos e a possibilidade de a despesa adicional dos Estados-membros neste sector não ser incluída nas regras da estabilidade orçamental (um aumento médio de 1.5% do PIB nos próximos 4 anos corresponderia a um esforço de EUR 650 mil milhões).
- Na 2ª feira, foi divulgado um recuo maior que esperado do ISM Manufacturing nos EUA, sugerindo uma quase estagnação da actividade industrial, com quedas nas novas encomendas e no emprego, mas com uma aceleração dos preços dos inputs. As yields dos Treasuries recuam (o mercado antecipa já três cortes dos juros de referência pelo Fed em 2025) e o dólar deprecia 2.5% em termos efectivos esta semana, sugerindo o aumento dos receios sobre o crescimento.
- A manhã desta 2ª feira está a ser caracterizada por uma valorização dos mercados accionistas europeus, com destaque para o sector da Defesa, depois de alguns dos principais líderes europeus terem assumido o compromisso de apoiar a Ucrânia e de incrementar o investimento da UE na Defesa e Segurança. A S&P subiu o rating soberano de Portugal para A, com outlook positivo, citando a perspectiva de crescimentos do PIB acima da média europeia, de excedentes nas contas públicas e externas e de redução da dívida pública para 84% do PIB até 2028.
- Esta semana, as atenções estarão centradas na possível entrada em vigor das tarifas de 25% sobre as importações americanas oriundas do México e Canadá. A criação de emprego na economia americana terá subido em Fevereiro, de 143 mil para cerca de 158 mil, e a taxa de desemprego ter-se-á mantido estável em 4% da população activa. Os ISMs de Fevereiro devem sinalizar uma relativa estabilização do crescimento da actividade na indústria e serviços. No seu conjunto, estes indicadores não deverão alterar a postura de wait and see do Fed.
- Na 5ª feira, o BCE deverá voltar a cortar os juros de referência em 25 bps, deixando a taxa da facilidade de depósito em 2.5%. Merecem especial atenção a actualização das projecções económicas e, sobretudo, a manutenção (ou não) de um easing bias. Os indicadores mais recentes sugerem a continuação de um crescimento anémico da actividade e uma desaceleração dos salários na Zona Euro. Contudo, algumas vozes dentro do BCE (e.g. Isabel Schnabel, Joachim Nagel) defenderam na última semana uma maior cautela – e uma eventual pausa – na descida dos juros de referência. Mantemos a expectativa de cortes adicionais das taxas directoras este ano.