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economia e mercados

360 Economia e Mercados

  

 

Semanal

Publicação semanal com uma análise dos principais desenvolvimentos da conjuntura económica global, procurando explicar e antecipar os seus impactos nos mercados financeiros. Esta publicação apresenta também, de uma forma sistematizada, as expectativas e previsões do Research do novobanco para a economia global e para a economia portuguesa.

Janeiro 2025

  • Esta semana marca a tomada de posse de Donald Trump como Presidente dos EUA, acompanhada pelo controlo Republicano das duas câmaras do Congresso. Espera-se uma entrada da nova Administração a todo o gás, marcada por diversas ordens executivas e por uma actuação legislativa agressiva. Os principais objectivos incluem: (i) a renovação e provável aprofundamento dos cortes de impostos sobre o rendimento em vigor desde 2017, que expiram no final de 2025; (ii) a redução dos impostos sobre as empresas; (iii) cortes na despesa Federal (ex-Defesa); (iv) forte redução da carga regulatória (energia, sector financeiro, criptoactivos); (v) aumento de tarifas e (vi) fortes restrições à imigração.   

  • As medidas que poderão/deverão ser anunciadas imediatamente após a tomada de posse são as que dependem de ordens executivas do Presidente. Legislação com vista à redução de impostos deverá marcar a agenda do Congresso nos próximos meses. Uma preocupação nos mercados é o risco de que estas medidas possam estimular a procura, a inflação, os juros e o dólar, numa altura em que a economia se encontra já em pleno emprego, com uma inflação persistente e com as yields dos Treasuries a 10Y não muito longe dos 5%, tendo subido recentemente, apesar dos cortes de juros pelo Fed.

  • A DBRS melhorou o rating de Portugal de A para A (high), alterando o outlook de “positivo” para “estável”. A agência citou o “forte desempenho orçamental”, a “redução das vulnerabilidades externas” e a “maior resiliência do sector financeiro”. 

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  • A economia dos EUA criou, em Dezembro, 256 mil empregos, acima do esperado e acima da média mensal de 2024, de 186 mil. A taxa de desemprego recuou de 4.2% para 4.1% da população activa. Estes registos sugerem uma economia ainda relativamente “aquecida” e uma pausa do Fed na descida dos juros de referência, já em Janeiro. O mercado reviu em baixa a expectativa de número de cortes pelo Fed em 2024 (para 1 movimento de 25 bps a partir do Set/Out, e com alguns investidores a considerarem já a possibilidade de nenhum corte, ou até de subidas). Este quadro traduziu-se numa penalização do mercado accionista (“boas notícias são más notícias”) e alimentou receios mais gerais de impactos negativos no crescimento global.

  • Mantemos o nosso outlook para 2025, no qual definimos, como temas centrais (i) a expectativa de desaceleração da actividade global; (ii) a ausência de recessões nas principais economias; (iii) a intenção de os bancos centrais levarem as taxas de juro para os seus níveis neutrais; (iv) as divergências entre o crescimento, as pressões inflacionistas e as políticas monetárias das diferentes economias (e.g. EUA vs. China vs. Europa); e (v) os riscos de fragmentação da economia mundial, associados, por exemplo, a possíveis “guerras comerciais”. 
     

  • Em Portugal, o indicador de sentimento económico apurado pela CE manteve-se estabilizado em Dez, com uma ligeira deterioração da confiança dos consumidores a ser compensada por uma melhoria do sentimento dos empresas nos serviços e construção.  

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  • O ano de 2025 deverá ser marcado por uma desaceleração relativamente moderada da actividade económica global. Esta evolução deverá reflectir os efeitos desfasados das subidas das taxas de juro levadas a cabo entre 2022 e 2023, um menor suporte da política orçamental e algum arrefecimento do mercado de trabalho. Um segundo tema a marcar a conjuntura em 2025 deverá ser a continuação de uma tendência de desinflação, mas menos linear do que o até aqui assumido. Nos EUA, poderá haver maior persistência dos preços, dado o desempenho ainda robusto da procura e as expectativas em torno das propostas de Trump, potencialmente inflacionistas. 

  • Esperamos, num cenário central, que o Fed reduza a sua taxa directora de 4.25%-4.5% para um “valor terminal” em torno dos 3.5%-4% (i.e. 2 a 3 cortes de 25 bps). Na Zona Euro, esperamos 5 cortes de 25 bps pelo BCE, levando a taxa da facilidade de depósito para um valor em torno de 1.75%. 

  • Num cenário base, a economia portuguesa deverá crescer em torno de 2% em 2025, acima da Zona Euro e em ligeira aceleração face a 2024. O consumo privado deverá beneficiar de uma evolução relativamente robusta do mercado de trabalho (taxa de desemprego em torno de 6.4% da população activa) e do aumento do rendimento disponível real das famílias (descidas de impostos, revisões salariais, etc.). O desempenho relativamente favorável da economia portuguesa será suportado pela expectativa de excedentes nas contas públicas e externas, que beneficiam a percepção da economia no exterior e possibilitam condições de financiamento favoráveis. 

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Dezembro 2024

  • Esta 4ª feira, o Fed deverá cortar a target rate dos fed funds em 25 bps, para 4.25%-4.5%. Recentemente, o Chair Powell referiu que o Fed deve ser mais cauteloso na descida dos juros, admitindo que o crescimento da actividade e a inflação nos EUA se têm revelado mais elevados que o esperado. Os sinais de ligeiro arrefecimento do mercado de trabalho (e.g. tendências de subida da taxa de desemprego e de moderação dos payrolls) e a expectativa de que a inflação irá prosseguir um movimento descendente validam a decisão de uma descida dos juros na reunião desta semana. Sem alterações nos juros, a política monetária tornar-se-ia indesejavelmente mais restritiva.    

  • Mas depois desta descida, vemos como provável uma pausa do Fed na próxima reunião de política monetária. E, no conjunto de 2025, o Fed poderá reduzir a target rate dos fed funds apenas mais uma ou duas vezes, para uma “taxa terminal” em torno de 3.75%-4%. Para além da robustez da actividade económica e da persistência da inflação, o Fed poderá ter que enfrentar um aumento das expectativas de inflação, associado à agenda económica da nova Administração Trump (imigração mais restritiva, maior escassez de mão de obra, possível imposição de tarifas, descida dos impostos). Em todo o caso, a imprevisibilidade em torno da actuação de Trump no seu segundo mandato alimentam uma incerteza muito elevada em torno destas projecções.

  • O BCE reduziu os juros de referência em 25 bps, deixando a taxa da facilidade de depósito em 3%, e reforçou, implicitamente, as expectativas de continuação dos cortes dos juros ao longo de 2025. As projecções para o crescimento e a inflação foram revistas em baixa e, mais relevante, deixou cair a referência à necessidade de a política monetária se manter restritiva. Com os riscos para o crescimento do PIB da Zona Euro enviesados em baixa e com a inflação vista a convergir para a meta em 2025-26, vemos o BCE a reduzir os juros de referência em todas as próximas reuniões de política monetária, para uma “taxa terminal” em torno de 1.75%.

RETOMAREMOS A PUBLICAÇÃO DO “360 Economia e Mercados SEMANAL” NO DIA 6 DE JANEIRO DE 2025

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  • Esta semana, o BCE deverá cortar os juros de referência em 25 bps, levando a taxa de juro da facilidade de depósito para 3%. As projecções para o PIB e para a inflação da Zona Euro deverão ser revistas em baixa.

  • Um corte de 50 bps pode ser discutido, dados os riscos para o outlook associados à recente deterioração da confiança (e.g. França. Alemanha). BCE deve manter-se data dependent, pronto a agilizar a política monetária.

  • China anuncia políticas expansionistas para 2025. Coreia do Sul e Síria alimentam incerteza geopolítica. 
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  • A divergência entre os EUA e a Zona Euro (ao nível do crescimento, inflação e juros) deve manter-se em 2025.

  • Em França, o Governo accionou o Artº 49.3 da Constituição, forçando a aprovação do OE2025 sem votação na Assembleia. Mas este mecanismo abriu também as portas à votação de uma moção de censura (já esta 4ª feira).

  • No caso de votação favorável pelo RN e pela NFP, o Orçamento é chumbado e o Governo cai. Sem eleições até Jun’25, sobem os riscos orçamentais e para o crescimento. Mercado com reacção adversa mas, para já, contida.   
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