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economia e mercados

360 Economia e Mercados

  

 

Semanal

Publicação semanal com uma análise dos principais desenvolvimentos da conjuntura económica global, procurando explicar e antecipar os seus impactos nos mercados financeiros. Esta publicação apresenta também, de uma forma sistematizada, as expectativas e previsões do Research do novobanco para a economia global e para a economia portuguesa.

Março 2025

  • Como esperado, o Fed manteve, na semana passada, os juros de referência inalterados em 4.25%-4.5%. A autoridade monetária considera que a economia americana continua a expandir-se a um “ritmo sólido”. Mas destacou a ideia de aumento da incerteza em relação ao outlook. As projecções para o crescimento do PIB foram revistas em baixa e as projecções para a inflação foram revistas em alta. A mediana das projecções para a taxa fed funds manteve-se inalterada, sugerindo, implicitamente, cerca de dois cortes de 25 bps este ano.

  • A reacção do mercado revelou-se favorável, interpretando a postura do Fed como dovish (não se concretizou o receio de que pudesse elevar a mediana das projecções para os juros; e abrandou o ritmo de redução da compra de activos). Mas o número de membros do FOMC que esperavam um número mais elevado de cortes diminuiu e o número dos que esperavam apenas um corte ou nenhum aumentou. Dito isto, vemos a reacção do Fed a reflectir, sobretudo, os níveis muito elevados de incerteza, que dificultam um forward guidance claro. Os indicadores mais recentes, sobretudo nos EUA, alimentam receios de estagflação, o que dificulta a actuação dos bancos centrais – devem focar-se em combater a inflação ou em estimular o crescimento? 
     

  • Em Portugal, os preços da habitação subiram 3% no 4Q’24 (vs. 3.7% no 3Q), levando a uma aceleração homóloga de 9.8% para 11.6% YoY. A variação média anual situou-se, em 2024, em 9.1%, acima dos 8.2% registados em 2023. O número de transacções acelerou no 4Q, com um crescimento de 32.5% YoY. 

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  • Esta semana, o Fed deverá manter os juros de referência em 4.25%-4.50%. Será interessante perceber se continua a “não ter pressa” em voltar a cortá-los, dado o aumento do pessimismo face à economia dos EUA. Os índices S&P 500 e Nasdaq entraram em “correcção” na última semana; as yields dos Treasuries desceram de 4.8% em meados de Janeiro para cerca de 4.3%; e o dólar recuou perto de 6% em termos efectivos no mesmo período. Estes desenvolvimentos resultam de um ajustamento de expectativas do mercado sobre a Trumpnomics. Os factores que deveriam estimular o crescimento não estão ainda em vigor (cortes de impostos, desregulamentação, aumento da oferta da energia) e as medidas que têm avançado (tarifas, cortes de despesa e redução do emprego público) estão a aumentar a incerteza e a alimentar a imprevisibilidade sobre a economia americana. 

  • O conjunto da informação disponível não aponta, num cenário central, para uma recessão nos EUA. Mas existe o risco de que o prolongamento da actual incerteza e uma deterioração adicional da confiança levem a um cenário mais negativo. O Secretário do Tesouro Bessent falou na necessidade de um detox da economia. O próprio Presidente Trump admitiu a possibilidade de recessão, como um “período de transição necessário”. Esta admissão poderia tornar-se numa self-fulfilling prophecy
     

  • A Fitch manteve o rating soberano de Portugal inalterado em A- (com outlook positivo). A expectativa de redução da dívida pública e externa e de uma economia resiliente é mitigada pelo recente aumento da incerteza política e orçamental.   

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  • O início de 2025 parece estar a desafiar e a erodir a ideia do “excepcionalismo” da economia dos EUA. Os principais índices accionistas americanos registam quedas year-to-date, em contraste com os ganhos dos índices europeus. A expectativa de que a Trumpnomics viesse reforçar o desempenho acima da média dos activos americanos tem vindo a diluir-se. Os potenciais suportes ao crescimento (cortes de impostos, desregulamentação, aumento da oferta de energia) não são ainda visíveis, enquanto os sucessivos anúncios e recuos sobre tarifas, os cortes agressivos de despesa e as restrições à imigração alimentam um ambiente de incerteza.

  • Na Europa, o aumento dos riscos geopolíticos parece estar a levar a uma mobilização e a um esforço de maior coordenação de políticas. A CE anunciou um programa de mobilização de recursos para o aumento da despesa em Defesa e a Alemanha anunciou a criação de um fundo off-budget de EUR 500 mil milhões para investimento em infraestruturas e a não consideração das despesas em Defesa acima de 1% do PIB nos limites do debt brake. A aprovação e a execução destas propostas é ainda incerta, mas estes desenvolvimentos sugerem uma alteração na postura da política orçamental na UE, no sentido de um maior suporte ao crescimento. A yield do Bund a 10 anos subiu cerca de 40 bps na semana. O euro apreciou e os índices accionistas europeus foram também suportados, em particular pelas acções das empresas de Defesa. O mercado atenuou as expectativas de cortes de juros pelo BCE. 

  • Em Portugal, a semana deverá ser marcada pela votação de uma moção de confiança no Parlamento, que poderá levar à queda do Governo e à convocação de eleições antecipadas (para meados de Maio). Na última semana, a yield da OT a 10 anos subiu de 2.94% para 3.34%, em parte acompanhando a tendência europeia, mas reflectindo também um ligeiro alargamento do spread vs. Bund (+12 bps desde o início de Fev, para 54 bps – em todo o caso, ainda abaixo de França e das outras economias da periferia). 

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  • Nos EUA, a persistência de pressões inflacionistas, os receios sobre as tarifas e a incerteza sobre o outlook traduziram-se, nas últimas semanas, num aumento das preocupações sobre o crescimento. Em Janeiro, as vendas a retalho e as despesas de consumo pessoal recuaram, e em Fevereiro os indicadores de confiança no consumo da Universidade de Michigan e do Conference Board recuaram significativamente. A queda mensal do indicador do Conference Board foi o maior desde Agosto de 2021 e a respectiva componente de expectativas caiu para um nível habitualmente visto como consistente com uma recessão.

  • Os receios sobre o crescimento da economia americana foram também alimentados pela reafirmação, por parte do Presidente Trump, da ameaça de introdução de tarifas de 25% sobre a UE, o Canadá e o México, para além de um agravamento das tarifas sobre a China, que já tinham sido reforçadas recentemente. A incerteza em torno da concretização das tarifas, bem como em torno do processo de redução da despesa e do número de trabalhadores no Governo Federal, e em torno de eventuais estímulos orçamentais, poderá penalizar decisões de consumo e de investimento. Neste sentido, a última semana foi marcada por uma descida expressiva da yield do Treasury a 10 anos, e o mercado passou a antecipar totalmente dois cortes dos juros de referência pelo Fed em 2025.

  • O BCE deverá voltar a cortar os juros de referência em 25 bps esta 5ª feira, deixando a taxa da facilidade de depósito em 2.5%. Merecem especial atenção a actualização das projecções económicas e, sobretudo, a manutenção (ou não) de um easing bias. Recentemente, algumas vozes dentro do BCE defenderam uma maior cautela – e uma eventual pausa – na descida dos juros de referência, tendo em conta a incerteza sobre a postura (expansionista ou não) da política monetária actual, dada a aproximação ao nível neutral dos juros (que não é conhecido). Mantemos a expectativa de cortes adicionais este ano. O mercado espera descidas até um nível em torno de 2%.

  • A S&P subiu o rating soberano de Portugal para A, com outlook positivo. O INE confirmou o crescimento do PIB de 1.9% em 2024 (2.6% em 2023), suportado pelo consumo privado. No 4Q’24, a economia cresceu 2.8% YoY e 1.5% QoQ. Em Fevereiro, a inflação desceu de 2.5% para 2.4% YoY. O indicador de sentimento económico recuou, sobretudo com a forte deterioração da confiança nos serviços. Sentimento na indústria melhorou e confiança dos consumidores estabilizou.  

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Fevereiro 2025

  • A CDU/CSU venceu as eleições na Alemanha, com 28.5% dos votos, seguida pela AfD (20.6%), SPD (16.4%), Verdes (11.6%) e Die Linke (8.8%). Friedrich Merz, o próximo Chanceler, pretende negociar uma coligação de Governo nos próximos 2 meses. Do lado positivo, e na perspectiva dos mercados, os resultados deverão permitir uma coligação a dois (com maior probabilidade, CDU-SPD), vista como uma solução de Governo mais estável. Do lado negativo, os partidos mainstream não atingiram uma maioria de dois terços, necessária para alterações à Constituição, que permitam reformar o debt brake (limite de 0.35% do PIB ao défice estrutural) ou financiar investimentos estruturais off-Budget.

  • A reacção inicial dos mercados relevou-se apenas moderadamente positiva (pequena apreciação do euro, ligeira valorização do DAX). A leitura do mercado é a de que um Governo CDU-SPD poderá mais facilmente durar 4 anos e focar-se em estimular a procura através da redução de impostos e de investimentos em infraestruturas e em Defesa. Mas a concretização destes estímulos será um desafio difícil. 

  • O Secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, defendeu que a redução de impostos e a desregulamentação deverão impulsionar o crescimento económico dos EUA; e que o aumento da oferta de energia (e descida do seu preço), em conjunto com os cortes na despesa do Department of Government Efficiency de Elon Musk, deverão permitir que esse crescimento não gere pressões inflacionistas. Mas esta estratégia enfrenta várias dificuldades. Um mercado de trabalho “aquecido” e a ameaça permanente de tarifas têm elevado as expectativas de inflação, retirando margem de manobra do Governo nos estímulos ao crescimento e restringindo o objectivo de descida dos juros de longo prazo.

  • Em Portugal, a capacidade líquida de financiamento (ou excedente do saldo conjunto das balanças corrente e de capital) subiu para 3.3% do PIB em 2024, um máximo histórico, beneficiando do aumento de 8.8% nas exportações de viagens e turismo. A posição de investimento internacional (stock das responsabilidades externas líquidas) passou de -72.5% para -58.5% do PIB, com um aumento dos activos superior ao dos passivos. A dívida externa líquida caiu de 52.6% para 44.5% do PIB .  

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  • No próximo Domingo, terão lugar as eleições legislativas na Alemanha. As sondagens apontam para uma vitória da CDU-CSU, de centro-direita (30%-32%), seguida da AfD (direita nacionalista e populista, com 20%-21%), SPD (social-democratas, 14%-16%), Verdes (13%-14%), Die Linke (esquerda socialista, 6%-7%), BSW (esquerda nacionalista e populista, 4%-5%) e FDP (liberais, 4%, em maior risco de não atingirem o mínimo de 5% para entrada no Bundestag). O resultado da AfD estará em foco, com o risco de um desempenho eleitoral acima do esperado. As negociações para a formação de um Governo poderão demorar semanas ou meses, devendo focar-se, sobretudo, na resposta à estagnação económica e nos temas da política orçamental e da guerra na Ucrânia. 

  • O mercado procurará, no pós-eleições, sinais de: (i) alteração da postura orçamental da Alemanha, no sentido de uma política mais expansionista (e.g. ajustamentos no debt brake, que limita o défice estrutural a 0.35% do PIB; aumento da despesa em Defesa e do investimento em infraestruturas; possíveis estímulos fiscais à procura interna); (ii) reformas estruturais, incluindo o alívio da carga regulatória e, a nível europeu, a abertura a propostas do Relatório Draghi (mercado único de capitais, redução de barreiras regulamentares ao comércio intra-UE de bens e serviços); e de (iii) mobilização de uma resposta da UE à pressão da Rússia (via guerra na Ucrânia) e dos EUA (via guerra comercial), através de uma maior integração e coordenação de políticas.
     

  • Em Portugal, O INE confirmou a descida da inflação (IPC) em Jan, de 3% para 2.5% YoY, com os preços dos bens a aumentarem 1.1% YoY e os dos serviços a subirem 4.5% YoY. Destacam-se, em alta, os registos dos Restaurantes e Hotéis (5.6% YoY), Comunicações (5.5%) e Lazer, Recreação e Cultura (4%). A inflação média anual manteve-se inalterada em 2.4%. O volume de negócios nos serviços prolongou, em Dez’24, a recente tendência de desaceleração, com um crescimento de 1.6% YoY. Alojamento e restauração, actividades imobiliárias e transportes apresentam os maiores contributos positivos.  

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  • A expectativa de imprevisibilidade e volatilidade associadas à Presidência de Trump ficou bem evidente na última semana, com: o anúncio de tarifas sobre o México e Canadá, logo suspensas após concessões menores destes países; com uma tarifa adicional de 10% sobre as importações da China; com a introdução de tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio; e com a afirmação de que estão a caminho novas “tarifas recíprocas” sobre os parceiros comerciais dos EUA (com a UE provavelmente em primeiro plano). Em sentido inverso, Trump reintroduziu a isenção de tarifas sobre importações de baixo valor, sobretudo oriundas da China. As acções registavam ganhos esta 2ª feira. É possível que o mercado esteja a desenvolver alguma insensibilidade ao tema das tarifas, vendo-as mais como uma arma negocial de Trump para alcançar objectivos económicos e políticos. Contudo, mantemos a expectativa de níveis de incerteza e volatilidade elevados, decorrentes de anúncios de novas medidas proteccionistas dos EUA e de potenciais retaliações. 

  • O Secretário do Tesouro dos EUA afirmou que a Administração Trump não pretende condicionar o Fed e a sua taxa directora. Vê sim, como prioridade, manter a yield do Treasury a 10 anos em níveis baixos e vê como vitais a descida dos custos da energia e ganhos de eficiência na despesa Federal.
     

  • Em Portugal, em 2024, as exportações e as importações de bens cresceram 2.5% e 1.9% em termos nominais, levando o défice da balança comercial de bens a subir EUR 78 mn, para EUR 27.9 mil milhões.  

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  • A Administração Trump anunciou a imposição de tarifas de 25% sobre as importações do México e Canadá (10% no caso de bens energéticos do Canadá) e de 10% sobre as importações da China. O anúncio foi justificado pela inacção destes países no controlo dos fluxos migratórios e do tráfico de fentanil para os EUA, bem como pela persistência de défices comerciais elevados com estas economias. Admite-se que as tarifas possam funcionar como uma arma negocial (temporária) dos EUA. Mas, de uma forma mais geral, elas enquadram-se na postura populista e nacionalista adoptada pela Administração Trump, e num propósito a reindustrialização da economia americana. 

  • O anúncio afectará 43% das importações dos EUA, ou 5% do PIB, e elevará a tarifa média praticada pela economia americana para um máximo desde 1946. Em retaliação, o Governo do Canadá anunciou a imposição de tarifas de 25% sobre USD 106 bn de importações oriundas dos EUA. Esperam-se também contramedidas por parte do México e China. Se prolongado no tempo, este primeiro embate de uma guerra comercial poderá gerar impactos económicos adversos significativos, mais severos no México (que dirige 80% das suas exportações para o mercado americano) e no Canadá (77% das exportações para os EUA), via relocalização de produção, queda do investimento e do emprego e disrupção de cadeias de produção. Os sectores automóvel, agrícola e energético serão, à partida, os mais afectados.

  • Em Portugal, o PIB cresceu 1.5% QoQ e 2.7% YoY no 4Q’24, acima do esperado e em aceleração face ao 3Q. Em 2024, a economia cresceu 1.9%, sobretudo com o contributo do consumo privado (que puxou pelas importações). O investimento abrandou. Em Dez’24, a taxa mensal de desemprego recuou de 6.6% para 6.4% da população activa. Em Jan’25, a inflação recuou de 3% para 2.5% YoY e o indicador de sentimento melhorou marginalmente, suportado pela confiança dos consumidores.
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