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economia e mercados

360 Economia e Mercados

  

 

Semanal

Publicação semanal com uma análise dos principais desenvolvimentos da conjuntura económica global, procurando explicar e antecipar os seus impactos nos mercados financeiros. Esta publicação apresenta também, de uma forma sistematizada, as expectativas e previsões do Research do novobanco para a economia global e para a economia portuguesa.

Abril 2025

  • TEMA 1 Na última semana, entraram em vigor a tarifa geral básica de 10% imposta pelos EUA a todas as importações, bem como as tarifas “recíprocas” fixadas em função do défice comercial de cada país com os EUA. Contudo, estas últimas foram logo suspensas pela Administração Trump, por 90 dias, ao mesmo tempo que os EUA se afirmaram disponíveis para negociar acordos comerciais bilaterais. Depois das fortes quedas dos dias anteriores, o mercado accionista reagiu com euforia a estes desenvolvimentos. Já este fim-de-semana, a Administração Trump isentou temporariamente das tarifas um conjunto de produtos de IT (e.g. smartphones), levando também a ganhos nas acções (pág.1).

 

  • TEMA 2 Deve-se ter presente, contudo, que (i) os EUA elevaram a tarifa sobre as importações oriundas da China para 145%, com a China a retaliar com uma tarifa de 125%; (ii) mantém-se uma tarifa de 10% sobre a generalidade dos países; (ii) mantêm-se as tarifas de 25% sobre as importações americanas de alumínio, aço e automóveis, bem como sobre as importações americanas do Canadá e México (excepto as abrangidas pelo USMCA); (iii) o Presidente Trump anunciou que os EUA irão em breve introduzir tarifas sobre bens farmacêuticos, microprocessadores e outros bens de IT; e, sobretudo, (iv) o sistema multilateral de comércio mantém-se seriamente em risco, e (v) mantém-se um quadro de elevada imprevisibilidade e incerteza na política económica dos EUA, com impactos potenciais adversos nos mercados financeiros e na economia (pág.1).

 

  • TEMA 3 Alguma informação recente dá conta de adiamentos de decisões de produção, encomendas e investimento (mas também de antecipação de decisões de consumo, procurando evitar-se os efeitos das tarifas). A elevada volatilidade observada nos activos americanos, em particular as oscilações e desvalorizações no dólar e nos Treasuries têm sido interpretadas como um sinal de potencial perda de confiança na economia americana como destino de investimento. O recente aumento da aversão ao risco não beneficiou, como aconteceria habitualmente, a divisa americana (que recuou 3.1% na semana, em termos efectivos) ou os Treasuries, cuja yield nos 10 anos subiu 50 bps na semana. Esta 2ª feira o dólar depreciava 0.6% (pág.1).

 

  • EUA A inflação recuou em Março mais que o esperado, para 2.4% YoY, ou para 2.8% YoY na core. Em Abril, a confiança dos consumidores caiu de forma significativa, com uma deterioração de expectativas e subida da inflação esperada (pág. 2). 

 

  • ZONA EURO Esta 5ª feira, o BCE deverá reduzir as taxas directoras em 25 bps, levando a taxa de juro da facilidade de depósito para 2.25%. Vemos as tarifas dos EUA como um choque desinflacionista para a economia da Zona Euro (pág. 2).

 

  • CHINA Em Março, os preços no consumo recuaram 0.1% YoY, vs. expectativa de subida de 0.1% e após queda de 0.7% no mês anterior. Já os preços no produtor recuaram 2.5% no mês passado, mais que o esperado. As exportações subiram 12.4% YoY, mais que o esperado, fruto de uma antecipação da procura para fuga às tarifas. As importações recuaram 4.3% YoY (pág. 2).

 

  • PORTUGAL O volume de negócios nos serviços cresceu 4.4% YoY em Fev, sobretudo via actividades imobiliárias e transportes. Em Jan-Fev, o défice comercial de bens reduziu-se de EUR 4.2 para 3.7 mil milhões. As exportações cresceram 11.9% YoY. O INE confirmou a descida da inflação em Março, de 2.4% para 1.9% YoY (+0.1% YoY na energia). O Governo anunciou um programa de apoio às empresas, de EUR 10 mil milhões, com vista a mitigar eventuais impactos das tarifas dos EUA (pág. 3).

 

  • JUROS A última semana foi marcada por um movimento de sell-off nos Treasuries (+50 bps na yield a 10Y), gerando receios de uma potencial (e preocupante) perda de confiança no estatuto de activo de refúgio da dívida pública americana. A yield do Bund a 10Y manteve-se estável na semana, parecendo assumir o papel de activo de refúgio (pág. 4).

 

  • CÂMBIOS O dólar perdeu 3.1% em termos efectivos na última semana (prolongando a tendência esta 2ª feira) e 9.7% desde Janeiro, reflectindo os receios crescentes de recessão nos EUA e uma aparente perda de confiança na economia dos EUA. Merece particular destaque a depreciação do dólar face ao franco suíço (para mínimos de 14 anos, dado o papel de activo de refúgio deste último), bem como face ao euro e ao iene. A tendência de desvalorização do renminbi observada desde o início de Abril foi invertida no final da semana, com a intensificação da guerra comercial com os EUA (pág. 4).

 

  • COMMODITIES A forte incerteza e volatilidade nos mercados, os receios de recessão, potenciais pressões inflacionistas e a depreciação do dólar, contribuíram para uma valorização semanal de 6.6% no ouro, renovando máximos históricos, de onde recuava esta 2ª feira (pág. 5).

 

  • ACÇÕES A última semana revelou-se de forte volatilidade no mercado accionista, com os principais índices a oscilarem entre ganhos e perdas expressivas. Depois de entrarem pontualmente em bear market (queda superior a 20% desde o último máximo), o S&P 500 e o Nasdaq registaram os maiores ganhos diários desde 2008 e 2001, respectivamente, em reacção à suspensão das tarifas bilaterais (excepto China). A semana acabou por fechar com os maiores ganhos semanais nos EUA desde 2023. Na earnings season, os resultados da JP Morgan e Morgan Stanley excederam as expectativas, beneficiando de ganhos de trading. Esta semana, destacam-se os resultados da Goldman Sachs, Citigroup, Bank of America, Netflix e J&J (pág. 5).
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  • A reacção dos mercados observada na última semana, com um forte aumento da aversão ao risco, sugere que o anúncio de aumento das tarifas por parte dos EUA foi percebido como pior que o esperado. A Administração Trump introduziu uma tarifa geral “básica” de 10%, acrescida de tarifas adicionais bilaterais, em função linear do défice comercial dos EUA com cada país. Isto resultou em tarifas de 20% sobre a UE, 34% sobre a China, 24% sobre o Japão, 46% sobre o Vietnam, 32% sobre Taiwan e 10% sobre o Reino Unido. Entraram também em vigor as tarifas de 25% sobre as importações de automóveis (juntando-se às do aço e alumínio). A tarifa efectiva média dos EUA subiu de 2.3% para ~23%, em máximo de 116 anos.

  • A subida generalizada de tarifas por parte dos EUA tem sido associada a receios de uma conjuntura “estagflacionista”. A reacção dos mercados financeiros sugere que os investidores estarão mais preocupados com os riscos negativos para o crescimento do que com os riscos de pressões inflacionistas. As previsões de crescimento global estão a ser revistas em baixa, com um aumento da probabilidade atribuída a um cenário de recessão, sobretudo nos EUA. Mas com o Chair Powell a admitir uma subida da inflação devido às tarifas, o Fed deve manter-se on hold nas próximas reuniões. Apesar de uma elevada incerteza, vemos como mais provável que o BCE venha a proceder a mais 2 a 3 cortes dos juros de referência.

  • As importações americanas de bens oriundos de Portugal passam a estar sujeitas, a partir desta semana, a uma tarifa de 20%. Têxteis, cerâmicas, bebidas, óptica e electrónica entre os sectores mais expostos às exportações para os EUA. Alguns exercícios apontam para impactos negativos potenciais no PIB (muito incertos) em torno de 0.7-1.1 p.p.. Para já, a maior aversão ao risco traduz-se num ligeiro (mas consistente) aumento do spread da dívida portuguesa vs. Bund.

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Março 2025

  • Esta semana deverá ser marcada pela entrada em vigor (5ª feira) das novas tarifas às importações americanas de automóveis, bem como pelo anúncio, por parte da Administração Trump (4ª feira), de “tarifas recíprocas” e, possivelmente, de novas tarifas sectoriais e bilaterais. Na última semana, o Presidente americano anunciou tarifas de 25% sobre as importações de automóveis, bem como de partes e componentes (a partir de Maio).

  • Economias como a UE, Canadá, México e China poderão ser especialmente visadas. Os impactos adversos deverão atingir também os EUA. As tarifas são pagas pelos importadores americanos, não pelos exportadores dos outros países (embora estes sejam penalizados pela queda da procura e, eventualmente, pela redução de margens). Nos EUA, os consumidores enfrentarão preços mais elevados não apenas nos automóveis importados mas, também, nos veículos produzidos internamente e em 2ª mão (maior pressão da procura, aumento dos custos de produção). O impacto no curto e médio prazo para a economia americana tenderá a ser negativo para o crescimento e positivo para a inflação. Estes efeitos serão acentuados pelo aumento da incerteza, que deverá condicionar decisões de investimento. Neste contexto, é provável que a volatilidade nos mercados se mantenha elevada.

  • A economia portuguesa registou uma capacidade de financiamento de 2.9% do PIB em 2024, vs. 1.7% em 2023. As Administrações Públicas voltam a registar um excedente orçamental (0.7% do PIB vs. 1.2% em 2023). Em Março, a inflação recuou de 2.4% para 1.9% YoY (de 2.5% para 1.9% a nível core).

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  • Como esperado, o Fed manteve, na semana passada, os juros de referência inalterados em 4.25%-4.5%. A autoridade monetária considera que a economia americana continua a expandir-se a um “ritmo sólido”. Mas destacou a ideia de aumento da incerteza em relação ao outlook. As projecções para o crescimento do PIB foram revistas em baixa e as projecções para a inflação foram revistas em alta. A mediana das projecções para a taxa fed funds manteve-se inalterada, sugerindo, implicitamente, cerca de dois cortes de 25 bps este ano.

  • A reacção do mercado revelou-se favorável, interpretando a postura do Fed como dovish (não se concretizou o receio de que pudesse elevar a mediana das projecções para os juros; e abrandou o ritmo de redução da compra de activos). Mas o número de membros do FOMC que esperavam um número mais elevado de cortes diminuiu e o número dos que esperavam apenas um corte ou nenhum aumentou. Dito isto, vemos a reacção do Fed a reflectir, sobretudo, os níveis muito elevados de incerteza, que dificultam um forward guidance claro. Os indicadores mais recentes, sobretudo nos EUA, alimentam receios de estagflação, o que dificulta a actuação dos bancos centrais – devem focar-se em combater a inflação ou em estimular o crescimento? 
     

  • Em Portugal, os preços da habitação subiram 3% no 4Q’24 (vs. 3.7% no 3Q), levando a uma aceleração homóloga de 9.8% para 11.6% YoY. A variação média anual situou-se, em 2024, em 9.1%, acima dos 8.2% registados em 2023. O número de transacções acelerou no 4Q, com um crescimento de 32.5% YoY. 

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  • Esta semana, o Fed deverá manter os juros de referência em 4.25%-4.50%. Será interessante perceber se continua a “não ter pressa” em voltar a cortá-los, dado o aumento do pessimismo face à economia dos EUA. Os índices S&P 500 e Nasdaq entraram em “correcção” na última semana; as yields dos Treasuries desceram de 4.8% em meados de Janeiro para cerca de 4.3%; e o dólar recuou perto de 6% em termos efectivos no mesmo período. Estes desenvolvimentos resultam de um ajustamento de expectativas do mercado sobre a Trumpnomics. Os factores que deveriam estimular o crescimento não estão ainda em vigor (cortes de impostos, desregulamentação, aumento da oferta da energia) e as medidas que têm avançado (tarifas, cortes de despesa e redução do emprego público) estão a aumentar a incerteza e a alimentar a imprevisibilidade sobre a economia americana. 

  • O conjunto da informação disponível não aponta, num cenário central, para uma recessão nos EUA. Mas existe o risco de que o prolongamento da actual incerteza e uma deterioração adicional da confiança levem a um cenário mais negativo. O Secretário do Tesouro Bessent falou na necessidade de um detox da economia. O próprio Presidente Trump admitiu a possibilidade de recessão, como um “período de transição necessário”. Esta admissão poderia tornar-se numa self-fulfilling prophecy
     

  • A Fitch manteve o rating soberano de Portugal inalterado em A- (com outlook positivo). A expectativa de redução da dívida pública e externa e de uma economia resiliente é mitigada pelo recente aumento da incerteza política e orçamental.   

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  • O início de 2025 parece estar a desafiar e a erodir a ideia do “excepcionalismo” da economia dos EUA. Os principais índices accionistas americanos registam quedas year-to-date, em contraste com os ganhos dos índices europeus. A expectativa de que a Trumpnomics viesse reforçar o desempenho acima da média dos activos americanos tem vindo a diluir-se. Os potenciais suportes ao crescimento (cortes de impostos, desregulamentação, aumento da oferta de energia) não são ainda visíveis, enquanto os sucessivos anúncios e recuos sobre tarifas, os cortes agressivos de despesa e as restrições à imigração alimentam um ambiente de incerteza.

  • Na Europa, o aumento dos riscos geopolíticos parece estar a levar a uma mobilização e a um esforço de maior coordenação de políticas. A CE anunciou um programa de mobilização de recursos para o aumento da despesa em Defesa e a Alemanha anunciou a criação de um fundo off-budget de EUR 500 mil milhões para investimento em infraestruturas e a não consideração das despesas em Defesa acima de 1% do PIB nos limites do debt brake. A aprovação e a execução destas propostas é ainda incerta, mas estes desenvolvimentos sugerem uma alteração na postura da política orçamental na UE, no sentido de um maior suporte ao crescimento. A yield do Bund a 10 anos subiu cerca de 40 bps na semana. O euro apreciou e os índices accionistas europeus foram também suportados, em particular pelas acções das empresas de Defesa. O mercado atenuou as expectativas de cortes de juros pelo BCE. 

  • Em Portugal, a semana deverá ser marcada pela votação de uma moção de confiança no Parlamento, que poderá levar à queda do Governo e à convocação de eleições antecipadas (para meados de Maio). Na última semana, a yield da OT a 10 anos subiu de 2.94% para 3.34%, em parte acompanhando a tendência europeia, mas reflectindo também um ligeiro alargamento do spread vs. Bund (+12 bps desde o início de Fev, para 54 bps – em todo o caso, ainda abaixo de França e das outras economias da periferia). 

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  • Nos EUA, a persistência de pressões inflacionistas, os receios sobre as tarifas e a incerteza sobre o outlook traduziram-se, nas últimas semanas, num aumento das preocupações sobre o crescimento. Em Janeiro, as vendas a retalho e as despesas de consumo pessoal recuaram, e em Fevereiro os indicadores de confiança no consumo da Universidade de Michigan e do Conference Board recuaram significativamente. A queda mensal do indicador do Conference Board foi o maior desde Agosto de 2021 e a respectiva componente de expectativas caiu para um nível habitualmente visto como consistente com uma recessão.

  • Os receios sobre o crescimento da economia americana foram também alimentados pela reafirmação, por parte do Presidente Trump, da ameaça de introdução de tarifas de 25% sobre a UE, o Canadá e o México, para além de um agravamento das tarifas sobre a China, que já tinham sido reforçadas recentemente. A incerteza em torno da concretização das tarifas, bem como em torno do processo de redução da despesa e do número de trabalhadores no Governo Federal, e em torno de eventuais estímulos orçamentais, poderá penalizar decisões de consumo e de investimento. Neste sentido, a última semana foi marcada por uma descida expressiva da yield do Treasury a 10 anos, e o mercado passou a antecipar totalmente dois cortes dos juros de referência pelo Fed em 2025.

  • O BCE deverá voltar a cortar os juros de referência em 25 bps esta 5ª feira, deixando a taxa da facilidade de depósito em 2.5%. Merecem especial atenção a actualização das projecções económicas e, sobretudo, a manutenção (ou não) de um easing bias. Recentemente, algumas vozes dentro do BCE defenderam uma maior cautela – e uma eventual pausa – na descida dos juros de referência, tendo em conta a incerteza sobre a postura (expansionista ou não) da política monetária actual, dada a aproximação ao nível neutral dos juros (que não é conhecido). Mantemos a expectativa de cortes adicionais este ano. O mercado espera descidas até um nível em torno de 2%.

  • A S&P subiu o rating soberano de Portugal para A, com outlook positivo. O INE confirmou o crescimento do PIB de 1.9% em 2024 (2.6% em 2023), suportado pelo consumo privado. No 4Q’24, a economia cresceu 2.8% YoY e 1.5% QoQ. Em Fevereiro, a inflação desceu de 2.5% para 2.4% YoY. O indicador de sentimento económico recuou, sobretudo com a forte deterioração da confiança nos serviços. Sentimento na indústria melhorou e confiança dos consumidores estabilizou.  

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